sábado, 21 de dezembro de 2013

EFEITO PLATÔ EXPLICA A DIFICULDADE DE ELIMINAR OS QUILINHOS INDESEJÁVEIS

Fonte: globo.com por Cristiane Perroni 

Na guerra para a perda de peso, chega um determinado momento que chegar ao peso desejado fica cada vez mais difícil e isso ocorre devido ao efeito platô. Por mais que siga ao programa alimentar fica mais difícil eliminar os “quilinhos” indesejáveis. Acredita-se que seja uma defesa do organismo para sobrevivência, uma redução do metabolismo. Na nossa evolução houve mais escassez do que oferta de alimentos, portanto o nosso corpo se adaptou a estocar os alimentos para os momentos de falta. 
Entretanto, atualmente há uma grande oferta de alimentos, no Brasil nunca houve tanta variedade e acesso aos alimentos e ao mesmo tempo a população de um modo geral reduziu seu gasto calórico em atividades básicas do dia a dia (melhora nos transportes, tecnologia...). Com isso a manutenção do peso é cada vez mais difícil e a obesidade é hoje uma epidemia. A melhor forma de evitar o efeito platô é modificar a quantidade e qualidade da dieta e dos exercícios, o corpo teria maior dificuldade para se adaptar e estagnar o peso. Em relação ao exercício físico modificar treinos e modalidades é mais fácil e prazeroso, entretanto modificar dietas é mais complicado porque o papel do nutricionista é formar hábitos e quanto mais adaptado o paciente estiver melhor seguirá a dieta, porém mais facilmente entrará no platô. 

Quando elaboramos o programa alimentar e fazemos o cálculo da dieta levamos em consideração o peso inicial e conforme o peso irá reduzindo o valor calórico desta dieta também reduzirá. Um indivíduo que inicia o tratamento com 100kg terá uma dieta com valor calórico maior do que quando ele alcançar 70kg. A primeira dieta é a de maior número de calorias. Na prática não tem como reduzirmos sempre o que estamos ingerindo, existe um limite de restrição que deve ser feito. Por isso é fundamental aliar exercício físico no programa alimentar, desta forma não será necessário fazer grande restrição calórica e também melhora e trata a composição corporal. Lembrando que quanto maior a massa muscular maior é a nossa aceleração metabólica, mais calorias gastamos parados. 
O fracionamento da dieta e o próprio ato de se alimentar também favorece a aceleração metabólica através do EFEITO TÉRMICO DO ALIMENTO (ETA), energia necessária para digerir, absorver, transportar e armazenar os nutrientes. Realizar de quatro a seis refeições diárias também seria benéfico. A modificação da composição da dieta também pode favorecer a aceleração do metabolismo. Existe “perda de energia” durante a metabolização dos nutrientes e cada nutriente possui um valor: proteínas de 25 a 30%, carboidratos 6 a 8% e lipídeos 2 a 3%. Aumentando um pouco a quantidade ou o percentual de proteínas da dieta podemos induzir uma maior aceleração do metabolismo, por ela promover aceleração metabólica. 

Manteria o mesmo valor calórico da dieta, mas modificaria a distribuição de carboidratos/ proteínas/ gorduras. Fazer lanches combinando carboidratos com proteínas como: sanduiche de queijo magro com peito peru; iogurte com cereal; torradas com queijo magro; whey protein batido com banana, barra de proteína. Desta forma evitamos picos glicêmicos e conseguimos lanches ricos em carboidratos e proteínas. Durante o emagrecimento longo, perda de muitos quilos como nos diversos graus de obesidade, é preciso calma e paciência. O efeito platô é muito comum, mesmo quando ainda faltam muitos quilos a perder, mas o corpo volta a reduzir “ele” só precisa de um tempo para se adaptar a este novo patamar de peso. 
A dieta precisa estar regularmente sendo recalculada quantitativamente e qualitativamente. As metas precisam ser revistas e novas estratégias formuladas, GUERRA É GUERRA! O maior aliado à dieta e talvez o que tenha maior peso para derrubar o PLATÔ é o exercício físico, por promover maior consumo de calorias durante a prática esportiva e mudar a composição corporal do indivíduo. Quando aliamos a dieta, o exercício de força e o exercício aeróbico garantimos a mudança da composição corporal, redução da gordura corporal - real emagrecimento e aumento da massa muscular e consequente aumento do gasto energético em repouso.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

SEDENTARISMO CONTRIBUI PARA NÚMERO CADA VEZ MAIOR DE OBESOS NO BRASIL

Por Nabil Ghorayeb Fonte: globo.com 

O último Congresso de Cardiologia deste ano foi o mais importante de prevenção cardiovascular. O "Brasil and Latin Prevent" contou com a presença dos presidentes das maiores sociedades de cardiologia do mundo, em Salvador dia 7 de dezembro. A surpresa foi a dura e incisiva constatação que o sedentarismo passou a ser dos mais danosos fatores de risco para a maior causa de mortes no mundo, a doença cardiovascular. Nos países desenvolvidos, ela diminuiu ao redor de 10%, enquanto nos países em desenvolvimento está ainda elevada e sem diminuição. 
A primeira consequência é o enorme crescimento da obesidade (chegou à 64%) em nosso país, e daí a cascata de doenças cardíacas degenerativas, diabetes, hipertensão arterial e outras. Os dados do nosso IBGE mostraram que o brasileiro apesar de 200 mil futebolistas profissionais, 400 mil corredores de rua, milhares de surfistas e outros esportistas, tem o sedentarismo na faixa de 80% da população. E isso contando todas as caminhadas para ir à escola ou ao trabalho. As mulheres são mais sedentárias que os homens, provavelmente pela absoluta falta de tempo, nos dias de hoje, onde a dupla e tripla jornada delas é um problema não resolvido. 

As informações divulgadas no congresso, pelos autores das pesquisas, nos deram a esperança de que iniciativas dos vários setores da sociedade podem mudar esse cenário. Andar, correr, nadar e pedalar são as primeiras opções desde a infância, que mostra um aumento grave de sedentarismo e obesidade. Não precisamos de academias, equipamentos, roupas especiais... apenas vontade! Não precisamos de medicamentos para emagrecer, pois uma dieta saudável e exercício físico regular em poucos meses já mostra o bom resultado. 
Em tempo, o uso de polivitamínicos foi debatido nesse congresso e considerado sem nenhuma utilidade para a prevenção da saúde, em pesquisas sérias publicadas em revistas de grande importância científica. A reeducação alimentar orientada por nutricionista resolve e sai muito mais em conta. 

Para quem quiser se aprofundar no tema seguem referências: Angell PJ Br J Sports Med 2012;46:i78-i84 e Deligiannis A et al. European Journal of Cardiovascular Prevention & Rehabilitation 2006;13:687-

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

TENDINITE PATELAR: INFLAMAÇÃO AFETA O JOELHO DEVIDO AO ESFORÇO REPETITIVO

Por Adriano Leonardi Fonte: globo.com 

A tendinite patelar, conhecida na língua inglesa como Jumpers Knee (joelho do saltador) é uma condição que, apesar de aparentemente inofensiva, pode levar à grande incapacitação à prática esportiva. Blazina foi o primeiro autor a estudar a doença em 1973, descrevendo uma tendinopatia (doença do tendão) visto em atletas que praticavam salto a distância. O joelho do saltador normalmente afeta a fixação do tendão patelar do polo inferior da patela devido ao mecanismo que ocorre durante a desaceleração no esporte. 
A incidência é maior nos homens. É uma das doenças do joelho mais comuns em atletas, ocorrendo em até 20% dos que praticam salto. Quanto ao lado acometido, homens e mulheres são igualmente afetados quando ocorre bilateralmente. Quando ela é unilateral, a relação é de dois para um. 

POR QUE A DOENÇA SE DESENVOLVE? 
Acredita-se que a patologia seja causada por esforço repetitivo sobre o tendão patelar e do quadríceps, durante o salto. É uma lesão específica para atletas, principalmente aqueles que participam de esportes envolvidos na desaceleração, como basquete, vôlei, handebol e corrida de rua. É ocasionalmente encontrada em jogadores de futebol, e em casos raros, pode ser visto em esportes como musculação e ciclismo. Fatores predisponentes incluem maior peso corporal, genu varo e geno valgo, um ângulo Q do joelho aumentado, patela alta, diferença no comprimento do membro, encurtamento das cadeias musculares, principalmente da posterior (isquiotibiais) Fatores ligados ao treino incluem falta de preparo físico direcionado ao esporte, técnica inadequada e aumento súbito da intensidade e frequência do esporte (overtraining). 

No esporte, joelho é uma articulação, cujas funções são a de absorver a energia cinética gerada pelo contato dos membros inferiores ao solo e transmitir o movimento aos demais seguimentos do corpo. Isto se deve a dois mecanismos básicos: a chamada contração muscular excêntrica, onde a fibra muscular contrai e alonga-se resistindo ao movimento e aos graus de flexão. Em uma corrida, por exemplo, a força de reação ao solo, que chega a ser duas vezes o peso do indivíduo, é absorvida pela flexão do joelho entre 50 e 60 graus e pela resistência do quadríceps, ou músculo anterior da coxa. 
O restante é dissipado pelo quadril e coluna vertebral. A doença ocorreria da perda deste equilíbrio. De uma certa maneira, o quadríceps deixaria de absorver toda a energia cinética e o tendão, sobrecarregado, sofreria micro-ruptura e degeneração. 

O QUE SE SENTE? 
Os pacientes relatam dor anterior do joelho, muitas vezes contínua. O início dos sintomas é insidioso. Normalmente, o envolvimento é infrapatelar ou perto do polo inferior. Dependendo da duração dos sintomas, o joelho do saltador podem ser classificados em uma a quatro fases: 
* Fase 1 - dor apenas após a atividade, sem prejuízo funcional 
* Fase 2 - dor durante e após a atividade, embora o paciente ainda é capaz de executar satisfatoriamente em seu esporte 
* Fase 3 - prolongada durante e após a atividade, com a dificuldade crescente na realização de um nível satisfatório 
* Fase 4 – Ruptura completa do tendão exigindo reparação cirúrgica. 

O exame físico pode revelar aos seguintes achados: * Ponto de dor no polo inferior ou superior da patela, ou tuberosidade tibial * Encurtamento dos isquiotibiais e quadríceps. * estabilidade ligamentar normal do joelho. * Derrame intra-articular do joelho (raro) 
Tratamento 
Na fase aguda, impreterivelmente, institui-se os programas de reabilitação, incluindo: * Modificação Atividade: Diminuir as atividades que aumentam a pressão femoropatelar (por exemplo, pular, agachar). Possivelmente início suave atividades de carregamento excêntrico. * Crioterapia: Aplicar gelo por 20-30 minutos, 4-6 vezes por dia, especialmente após a atividade. * Melhoria do alongamento: incluindo (1) os flexores do quadril e joelho (isquiotibiais, gastrocnêmio, iliopsoas, reto femoral, adutores), (2), extensores de quadril e joelho (quadríceps, glúteos), (3) da banda iliotibial, e ( 4) o retináculo patelar. * Reforço muscular: Fortalecer usando cadeia cinética fechada e exercício excêntrico (ou seja, a perna única descidas agachamento). * Avaliação isocinética: Detecção de possíveis desequilíbrios musculares através da analise do dinamômetro isocinético e tratamento dos mesmos. * Treinamento proprioceptivo específico, pliometria e retorno programado e assistido ao esporte. 

QUANDO SE OPERA? 
Em geral, após falha do tratamento conservador, indica-se o cirúrgico. Os dois principais procedimentos incluem a perfuração do polo envolvido e o corte da área acometida do tendão. O objetivo da perfuração é aumentar o suprimento vascular para a área afetada. Recentemente, com o chegada da artroscopia do joelho, é possível que seja realizada sem a incisão anterior clássica. O segundo procedimento envolve o corte longitudinal do tendão envolvido. O principal benefício deste procedimento é que ele permitiria retirada de todo o tendão doente, com posterior cicatrização da lesão. 
Além da cirurgia, existem outros tratamentos? Embora ainda em estudo, autores relatam sucesso no tratamento da doença com: * A terapia por ondas de choque (TOC): prevê um resultado comparável funcional em comparação com a cirurgia, de acordo com os pares e colegas. Nesta técnica, uma máquina emite pulsos semelhantes aos usados nas quebras de cálculos renais sobre o tendão doente. A partir daí, ocorreriam estímulos à cicatrização da lesão. * Aplicação de plasma rico em plaquetas: O PRP é um novo procedimento, baseado numa ideia revolucionária: Injetar nas lesões dos atletas e pacientes em geral, uma concentração de células reparadoras do seu próprio sangue. Este concentrado que é principalmente de plaquetas (daí o nome: plasma rico em plaquetas) contém as substâncias que ajudam a reparar tecidos, os “fatores de regeneração tecidual”, nossos fatores de cicatrização e crescimento celular. 

Logo, o tratamento, que era chamado “fator de crescimento” (hoje renomeado por levar a entender e confundir com GH- hormônio de crescimento que é doping e proibido para utilização na melhora do desempenho em atletas) foi difundido para tantos usos e tratamentos como se fosse a saída para todas as lesões. 
RETORNO AO ESPORTE  
Retornar para o esporte deve ser baseada na capacidade de um atleta com segurança e habilidade executar atividades esportivas específicas.Quando os sintomas persistem apesar do tratamento conservador ou até mesmo tratamento cirúrgico, o atleta deve pesar os benefícios e as consequências de jogar com dor. A complicação mais comum é a dor persistente durante o esporte. A mais temida é a ruptura espontânea do tendão, que em geral ocorre após uma contração abrupta do músculo quadríceps, levando a ascensão súbita da patela e incapacitação imediata. Esta condição leva à necessidade imediata de reparo cirúrgico. A prevenção de sua ocorrência envolve fatores como: * Avaliação do aparelho locomotor voltada à biomecânica do esporte. * Preparação física para a prática esportiva desejada. * Prática esportiva supervisionada por um profissional do esporte e, se possível também por um fisioterapeuta para que se evite erros no gesto esportivo ou overtraining.