sexta-feira, 26 de setembro de 2014

DESIDRATAÇÃO PREJUDICA O RENDIMENTO E PODE COLOCAR EM RISCO A VIDA DO ATLETA

Por Cristiane Perroni 

Após o exercício deve-se ingerir aproximadamente 450/675ml de líquido para cada 0,5kg de peso corporal perdido durante o exercícioNeste último domingo, dia 14 de setembro, ocorreu a Meia Maratona de Natal e infelizmente houve o falecimento de um atleta nos 500 metros finais da prova. O corredor sofreu um enfarte e suspeita-se de desidratação, agravada por uma gastroenterite que o atleta havia tido dias antes da prova e a temperatura elevada. Semanalmente inúmeras corridas acontecem em todo Brasil e o crescimento de adeptos da corrida é crescente, mas será que estamos com exames em dia? 
Será que todos treinamos e temos uma alimentação adequada para praticar o esporte? Com o aumento da quilometragem (provas de 21km, 42km e ultramaratonas) o risco de saúde pelo maior esforço e estresse promovido no nosso corpo se torna cada vez maior e o monitoramento regular deve ser realizado para evitar surpresas negativas. Os problemas mais comuns em provas de longa duração são: musculoesqueléticos, gastrointestinais, cardíacos, hiponatremia e desidratação. A desidratação é decorrente principalmente pela perda de suor, que pode chegar até dois litros por hora e varia com as condições ambientais, grau de intensidade de esforço, duração do exercício, condicionamento físico/nível de treinamento e estado de saúde prévio do indivíduo. 

Com 1% a 2% de desidratação inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4ºC para cada percentual subsequente de desidratação. Em torno de 3%, há redução importante do desempenho. Com 4 a 6% pode ocorrer a fadiga térmica. A partir de 6% existe risco de choque térmico, coma e morte, segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte. Realizar “checkup” regularmente e manter a saúde em dia reduz, mas não exclui os riscos durante a prática esportiva. Tão importante quanto a planilha de treinamento, vestimentas e tênis adequados, o programa alimentar é fundamental para restabelecer as perdas/o desgaste e manter o corpo saudável e funcionante. 

A preparação da alimentação e hidratação nos treinos e na semana que antecede o evento é muito importante para garantir que o atleta chegue no dia da competição com seus estoques “cheios” (glicogênio muscular e hepático), hidratado e sem alterações gastrointestinais. Para isso é preciso evitar o consumo de gorduras/frituras e alimentos crus pelo menos dois dias antes do evento. Muitos atletas para controlar o peso e não perder tempo nos postos de hidratação negligenciam a reposição de carboidratos e de líquidos, o que pode acarretar sérios riscos à saúde e diminuição da performance durante o exercício. 
Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte, a desidratação diminui o desempenho do exercício e de acordo com estudos realizados pelo pesquisador Noakes (2003) deve ingerir maior quantidade de líquido os atletas mais pesados e mais rápidos, e menor quantidade os atletas mais leves e mais lentos. A necessidade de ingestão também varia de acordo com a temperatura da prova. Em locais de temperatura e umidade mais elevada a necessidade de líquido aumenta. Recomenda-se 400ml a 800ml de água por hora de exercício. Uma forma de individualizar a hidratação é pesar antes do treino e logo após o treino, anotar o quanto consumiu de líquidos para observar se foi suficiente para repor as perdas. 

A perda de peso não deve ser maior do que 1% (leve grau de desidratação perda 1,1% a 3% do peso corporal). A reposição de carboidratos em atividades acima de uma hora deve ser de 30g a 60g de carboidratos por hora de exercício (evita a hipoglicemia, depleção do glicogênio muscular e fadiga). Após o exercício deve-se ingerir aproximadamente 450/675ml de líquido para cada 0,5kg de peso corporal perdido durante o exercício. Líquidos contendo álcool ou cafeína (cafés, chás ou colas), assim como as bebidas carbonadas não são indicadas para hidratação pós-exercício. Para prática esportiva segura é fundamental o monitoramento frequente da saúde, dos treinos e da alimentação.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

PUBALGIA: INCIDÊNCIA É MAIOR NO FUTEBOL E TÊNIS, E PODE COMPROMETER CARREIRAS.

Por Adriano Leonardo 

A pubalgia, também conhecida como pubeíte ou osteíte púbica, é em uma condição dolorosa da sínfise púbica ou na origem adutora que se agrava gradativamente com o esforço físico e melhora com realização de repouso e exercícios fisioterápicos. Infelizmente, sua ocorrência nos esportes tem aumentado. Especialmente em adolescentes e adultos jovens praticantes de esportes nos quais se faz necessária a realização de chutes repetitivos e mudanças abruptas de direção, como, rúgbi, hóquei, tênis e, em especial no futebol e futsal. Acometendo com maior frequência os jogadores de meio de campo por conta do toque de bola aos atacantes, mecanismo composto de adução e rotação externa do quadril. 
A pubalgia pode ser do tipo aguda (pubalgia traumática) ou crônica (pubalgia crônica), causada por repetições. Acredita-se que o excesso de tração muscular com vetores multidirecionais leve à degeneração da sínfise púbica. O diagnóstico da pubalgia é realizado através de uma avaliação dos sintomas, juntamente com uma avaliação biomecânica. No exame clínico, observa-se a presença de uma exacerbação de sensibilidade no tubérculo púbico anterior. A dor também pode ser mimetizada pela flexão do quadril, rotação interna e contração da musculatura abdominal. O importante no diagnóstico é estabelecer uma relação entre o histórico e o exame físico. A radiografia simples pode mostrar a degeneração da sínfise púbica, e a ressonância magnética mostra o edema ósseo característico da lesão. 

Deve-se realizar o diagnóstico diferencial de outras patologias, como a síndrome do músculo piriforme, tendinose do iliopsoas, osteíte púbica, dentre outras. Nota-se que a lesão ocorre: 
- bilateralmente em 12% dos casos; 
- inicia-se na região são os adutores em 40% dos casos; 
- na área perineal apenas em 6% dos casos; 
- um aumento gradual da dor em 70% dos casos; 
- um início traumático e doloroso em apenas em 30% dos casos. 
O tratamento conservador da pubalgia traumática, caso não haja perda de mobilidade, pode ser o repouso associado ao uso de anti-inflamatório, gelo, bandagens funcionais e acupuntura. Visa, basicamente, o fortalecimento, alongamento e reequilíbrio dos grupos musculares envolvidos na lesão. Deve ser sempre instituído para o atleta amador. Assim como em outras lesões, o bom senso deve prevalecer no tratamento da pubalgia. Em atletas profissionais ou adolescentes que pretendem se profissionalizar nos esportes, o afastamento prolongado ao esporte pode comprometer o rendimento e, consequentemente, a carreira. 

Por este motivo, havendo falha no tratamento conservador, deve-se optar pelo tratamento cirúrgico. No período pós-operatório, a reabilitação deve ser iniciada o mais rápido possível. Inicialmente focando o tratamento do hematoma e mantendo o alongamento cirúrgico dos adutores que, se não mantido, pode recidivar rapidamente. Posteriormente, focado no fortalecimento, propriocepção e treino de pliometria direcionado ao esporte sob a supervisão de equipe multidisciplinar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

CORRER COM MÚSICA INFLUENCIA NO DESEMPENHO?

Por Gustavo Luz 

Algumas pesquisas sérias indicam que o estímulo musical pode trazer benefícios, principalmente, a dois tipos de treino: os difíceis e os longos. Para os treinos mais duros, a combinação da música acelerada com uma velocidade mais intensa na corrida, pode deixá-lo mais focado em “atacar” a distância. Talvez mantendo o seu limite por mais tempo.E para os treinos mais longos, que às vezes carregam o fator tédio, as músicas mais suaves podem ajudá-lo na manutenção de um ritmo mais regular e acompanhá-lo através dos quilômetros. 
É possível que os estímulos musicais acelerem algumas respostas motoras, recrutando mais fibras musculares. E aí você ganharia alguma performance. Seria como se o seu cérebro mandasse mais estímulos atingindo mais músculos por estar escutando uma determinada música. Apesar do aumento de interesse dos estudiosos na área, muita coisa ainda deve ser pesquisada nos próximos anos. 

Entretanto, existem horas e lugares para usar os fones de ouvido na hora da corrida. Você não deveria usá-los em áreas com tráfego e muito movimento de pedestres, e deve sempre se lembrar que a música pode bloquear alguns barulhos e distraí-lo. Prefira escutar o seu som em locais onde tem mais controle do que está acontecendo à sua volta. E mesmo assim, procure usar apenas um fone e em um volume normal. 
Um aumento no número de praticantes é um aumento no número de iniciantes. E às vezes, esses iniciantes têm apenas a música para acompanhá-los e motivá-los. Pode ser que o seu tempo seja o mesmo no final da prova, com música ou sem música. Mas se você gosta de combinar esses dois prazeres e entendeu que tem que tomar alguns cuidados, vá em frente, faça de tudo para se manter motivado.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: ALÉM DO "BALDE DE GELO" SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA.

Por Raquel Castanharo 

A doença pela qual algumas figuras públicas estão participando do “desafio do balde de gelo” é a esclerose lateral amiotrófica. Na ELA, ocorre uma degeneração progressiva dos neurônios motores, que são os responsáveis pela movimentação de todos os músculos do corpo, inclusive os responsáveis pela respiração. A causa dessa patologia ainda é desconhecida, onde a maioria dos casos (90%) surge sem histórico familiar e os outros 10% atingem pessoas da mesma família. 
A ELA gera diminuição da força e atrofia muscular, afetando não apenas a movimentação do corpo como também a fala, a deglutição e a função respiratória, enquanto a função cognitiva e sensibilidade da pele permanecem preservadas. A expectativa de vida após os primeiros sintomas é de em média três anos, porém existem casos raros onde a vida se prolonga por mais tempo, como o do cientista Stephen Hawking, que vive com a doença há 51 anos. O tratamento multidisciplinar é essencial para melhorar a qualidade de vida da pessoa com ELA e a fisioterapia exerce um papel importante nos seguintes quesitos: 

• Exercícios 
A fraqueza muscular inerente à ELA pode ser agravada pela inatividade do paciente no início da doença. Exercícios leves e bem orientados por um fisioterapeuta trazem benefícios como a manutenção da maior independência possível do paciente e por mais tempo. 
• Mobilização e conforto 
A progressão da doença pode levar a deformidades articulares. Mobilizações, alongamentos e posicionamento adequado sentado ou deitado são importantes para a preservação da mobilidade e maior independência funcional possível. O uso de órteses que mantenham o pé na posição mais funcional podem até prolongar a capacidade de andar. 
• Auxílio respiratório 
 A insuficiência respiratória é a principal causa de morte na ELA e ocorre devido à falência dos músculos da respiração. A fisioterapia respiratória tem um importante papel na prevenção de infecções, como pneumonia, no treinamento da musculatura respiratória quando ainda possível e no suporte à ventilação com intervenções externas (ventilação mecânica invasiva ou não invasiva). A fisioterapia tem sido muito importante no tratamento da ELA, melhorando a qualidade de vida das pessoas com a doença e promovendo intervenções para aumentar sua sobrevida. Porém ainda existe um longo caminho a ser trilhado sobre o tratamento, no que diz respeito a eficácias das técnicas existentes e à descoberta de novos recursos. 

Colaboração: Fisioterapeuta Adriana Sellmer, especialista em fisioterapia respiratória e neurológica.