quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

INTERESSANTE ESTUDO INGLÊS AFIRMA QUE UM COLAR QUE RESFRIA O PESCOÇO AJUDAR A MELHOR O DESEMPENHO FÍSICO NO CALOR

Estudo na Inglaterra feito com voluntários que treinaram na esteira e sob a temperatura elevada (30,4ºC) indica melhora de 10% na performance com o uso do colar cervical. Fazer exercício físico no calor é certamente muito desconfortável. As altas temperaturas desta época do ano representam um adversário quase insuportável para os praticantes de atividades físicas. A fisiologia explica que quando o músculo se contrai na gênese do movimento, cerca de 75% da energia produzida é transformada em calor, e esta carga térmica precisa ser dissipada para evitar a elevação acentuada da temperatura corporal. 
A luta contra o calor produzido pelo próprio corpo, somada à dificuldade de perda pela temperatura ambiente acima de 30º, cria uma situação de grande desconforto e repercute em comprometimento do desempenho. Pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, publicaram um interessante estudo na revista oficial do Colégio Americano de Medicina Esportiva. O objetivo da pesquisa foi investigar o benefício de um colar cervical que proporcionasse um resfriamento na região do pescoço na melhora do desempenho de corrida em ambiente de temperatura elevada (30,4ºC). 

Os voluntários do estudo foram submetidos à uma avaliação da distância percorrida durante corrida em esteira em uma situação controle. Eles usavam um colar cervical com um material preenchido por um gel que era previamente mantido em congelador para manter um efeito de resfriamento na região do pescoço durante a corrida. Os resultados mostraram um significativo benefício do procedimento utilizado, que se refletiu em uma melhora de cerca de 10% no desempenho, acompanhada por significativas reduções da percepção subjetiva de esforço e desconforto térmico, como também uma redução da temperatura corporal durante o exercício. 
A justificativa para os efeitos observados, é baseada no resfriamento do sangue proporcionado pelo colar cervical, na medida em que nesta região existem grandes vasos sanguíneos em uma área muito próxima da superfície, possibilitando um benefício efetivo de resfriamento. Esta redução da carga térmica por contato direto com o colar cervical, auxilia de forma importante o mecanismo de perda de calor, repercutindo nos indicadores mensurados no estudo.
Fonte: globo.com por Turíbio Barros

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

GENÉTICA DE OURO: JORNALISTA COMENTA PODER DO DNA SOBRE TALENTO ESPORTIVO

Fonte: globo.com por Luma Dantas 

Do que é constituído o atleta perfeito? Quanto do sucesso de um esportista pode ser atribuído a seu DNA? A genética pode ser a responsável pela falta de disposição para se exercitar? A fim de responder estas e outras perguntas, o jornalista David Epstein percorreu o mundo para investigar a influência do genoma no desempenho humano em atividades físicas. Em suas pesquisas, relatadas no livro “A genética do Esporte”, lançado no Brasil no fim de 2013, o americano revela haver uma diferença genética entre atletas de força e de resistência. A recente descoberta possibilitaria a personalização dos treinamentos no futuro, potencializando a performance dos profissionais. 
- A notícia mais recente para os atletas é a identificação de uma versão de um gene que é mais comum em atletas de força do que em atletas de resistência ou em não-atletas. Os cientistas estão encontrando mais genes que influenciam a capacidade atlética, e eu espero que isso possa ser usado para adaptar programas de treinamento, para que todos possam atingir o melhor desempenho possível dentro de sua capacidade. No entanto, para que um atleta se torne campeão, não bastariam apenas muitas horas de treinamento. De acordo com David, sem um código genético capaz de ‘equipá-lo’ com o talento para determinado esporte, o profissional dificilmente seria um candidato ao título. - Uma pessoa que não tenha nenhum gene que a capacite para determinado esporte não vai ser campeã, não importa o quanto pratique. 

Em esportes menores, nos quais poucas pessoas competem, alguém que tenha pouco talento físico pode chegar ao topo apenas praticando. Mas, em um esporte com muitos competidores, é preciso ter talento inato e conhecimento adquirido para ter sucesso. Existe uma ideia de que 10 mil horas de prática podem fazer qualquer um se tornar campeão. Mas ela vem de um pequeno estudo de violinistas - não atletas -, e eles já tinham talento. Um exemplo da influência da predisposição genética na prática esportiva é o caso de Donald Thomas, um dos personagens citados pelo jornalista em seu livro - que já figura na lista dos mais vendidos do The New York Times. O autor conta que, com apenas oito meses de treinamento, o novato ganhou o Campeonato Mundial de salto em altura de 2007. 
O favorito ao título treinava há 20 anos. Todas as habilidades esportivas dependem de algum grau de ambos, talento e prática. Mas no livro eu conto a história de Donald Thomas, que começou a saltar por causa de uma aposta e venceu o Mundial em 2007. Parte disto se deve ao fato de Donald ter um calcanhar de Aquiles incomumente longo, que funciona como uma mola. Por outro lado, a maior parte dos saltadores teve que treinar por anos para alcançar o nível dele. Apesar da importância do DNA, o jornalista admite que a prática também tem papel significativo na preparação de um esportista. Para que o profissional atinja seu potencial máximo, o ideal seria conciliar genes favoráveis com um treinamento adequado. No entanto, ainda não é possível determinar o limite do ser humano. 

- Não é possível determinar o limite de um atleta apenas através da genética, principalmente porque continuamos sem saber o que a maior parte dos genes faz. Mas os cientistas já identificaram certos genes que influenciam a performance esportiva, como o ACTN3, chamado ‘gene Sprint’. Ele codifica uma proteína encontrada somente nas fibras musculares de contração rápida, usadas para velocidade e movimentos de explosão. Se alguém tem duas cópias da chamada ‘versão errada’ do ACTN3, simplesmente não estará na final dos 100m no Rio de Janeiro em 2016. (Mas isto só exclui um bilhão de sete bilhões de pessoas no mundo. Nós podemos usar um cronômetro e, de maneira mais fácil, dizer que não estaremos na final dos 100m.) 
Me submeti a testes durante a pesquisa para o livro e descobri que tenho muitos genes que apresentam boa resposta a exercícios aeróbicos. Eu deveria progredir rapidamente em treinos de corrida, o que realmente aconteceu quando competia. Comecei extremamente mal, mas rapidamente alcancei e ultrapassei parceiros de treino que estavam fazendo exatamente os mesmos exercícios. Segundo pesquisadores, o prazer experimentado com a prática da atividade física também estaria atrelado à constituição genética. Este conceito explicaria o fato de algumas pessoas treinarem compulsivamente, como a ultramaratonista Pam Reed. No dia seguinte ao Ironman de Nova Iorque, prova terminada em 11h20m, ela decidiu esperar o voo, que havia atrasado, correndo no estacionamento do aeroporto. 
- Os cientistas aprenderam que diferenças genéticas relacionadas com a química do cérebro fazem algumas pessoas sentirem mais prazer com certos com exercícios físicos. Algumas pessoas são geneticamente predispostas a treinar compulsivamente. Estudos sobre a motivação para se exercitar descobriram que a propensão genética é muito mais importante do que o acesso ao esporte. Aqueles que têm impulso inato para serem fisicamente ativos tendem a fazer isso com ou sem facilidade de acesso, embora a facilidade de acesso possa mudar o esporte que um indivíduo acaba praticando. Por compulsividade ou não, o excesso de treinos pode gerar lesões. Novamente, as descobertas da Ciência na área esportiva são vistas como uma ferramenta para descobrir riscos e minimizar a incidência de contusões. - Podemos identificar através de certos genes a predisposição para algumas lesões. Por exemplo, há genes que codificam o colágeno - a ‘cola’ do corpo -, que mantém juntos os ligamentos e tendões. 

Algumas versões deles fazem um atleta estar mais sujeito a romper um ligamento, como o ligamento cruzado, no joelho. Desde já, alguns jogadores de futebol americano estão sendo testados e, caso apresentem predisposição para romper este ligamento, devem fazer exercícios para minimizar o risco de danos. Com tantas descobertas referentes ao esporte, os cientistas garantem que a possibilidade de existir um atleta perfeito é praticamente inexistente. De acordo com David Epstein, a chance de um profissional ter um genoma completamente favorável à pratica de determinada modalidade é a mesma de uma pessoa ganhar duas vezes consecutivas na Mega-Sena. - A partir do ponto de vista da genética, podemos dizer quase certamente que não há um atleta perfeito no mundo. Alguns anos atrás, dois cientistas britânicos analisaram os genes conhecidos por influenciar o lado atlético, e calcularam a chance de uma pessoa ter todas as versões positivas deles. A chance era menor do que uma em um quatrilhão. Há apenas sete bilhões de pessoas no planeta, então as chances são de que não haja um atleta perfeito no mundo.