segunda-feira, 3 de novembro de 2014

TRANSPLANTE DE CARTILAGEM PODE CURAR LESÃO COMUM NO JOELHO DE ESPORTISTAS

Por Adriano Leonardi 

No joelho normal, as extremidades dos ossos são cobertas pela cartilagem, que permite o deslizamento suave dos ossos como uma almofada, que absorve o impacto durante a carga e o movimento. Neles, a espessura da cartilagem pode atingir alguns milímetros e é mais espessa nas regiões que recebem mais peso. Na rótula, pode chegar a atingir os 8mm. A doença da cartilagem no joelho afeta uma apreciável percentagem da população e é, infelizmente, uma lesão comum nos esportes. A lesão da cartilagem (ou lesão condral) pode ocorrer por um trauma como contusão, queda de altura ou entorse. Uma vez lesada, há deterioração deste tecido, que perde a sua regularidade e plasticidade em variados gradientes. 
Os estágios de alteração da integridade da cartilagem vão desde o simples amolecimento, passando pela fissuração e fibrilação, até o seu descolamento completo do osso subjacente, com desenvolvimento de verdadeiras crateras de dimensões variáveis, por vezes com alguns centímetros quadrados de superfície. O resultado é a dor, que pode ser desencadeada durante o esporte ou pode progredir para atividades da vida diária. Além disso, as lesões cartilaginosas cursam também com episódios de inchaço. A cartilagem, ao contrário da pele e outros tecidos bem vascularizados, tem baixíssimo poder de cicatrização (baixo turn over) por ser um tecido avascular (sem vasos sanguíneos). 

Uma vez lesada, ela degenera e causa sintomas. A mosaicoplastia do joelho é um procedimento cirúrgico indicado para as lesões focais (crateras), bem delimitadas e pouco extensas. Ela consiste no preenchimento dessas áreas desprovidas de cartilagem ou com cartilagem francamente deteriorada, por um transplante de cartilagem “saudável”, colhida em áreas da mesma articulação, mas não envolvidas no contato articular ou que recebam peso. Ao possibilitar a “pavimentação” de uma cratera articular, a mosaicoplastia permite que se crie, ao fim de algumas semanas, uma nova superfície de cobertura, constituída por cartilagem e fibrocartilagem de aceitáveis qualidades plásticas e de efetividade duradoura. 
O paciente ideal para esta cirurgia inclui: 
- Idade menor que 50 anos; 
- Ausência de artrose; 
- Lesão focal de 1 a 4 cm2; 
- Falha de procedimentos prévios como as microfraturas. 

No período pós-operatório, o paciente deve manter a deambulação com um par de muletas, evitando soltar o peso no membro operado por, pelo menos, seis semanas. No período de três a quatro meses, é esperada intensa atrofia muscular da coxa por desuso e este deve ser um dos principais focos do fisioterapeuta que acompanhará o paciente. Espera-se que haja atividade biológica cicatricial na lesão por até seis meses. O maior indicativo da cura da lesão é a melhoria da dor, podendo dispensar exames de imagens que levam muito tempo para se normalizar.

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