POTÊNCIA ANAERÓBIA NO FUTSAL

Impossível falar sobre treinamento desportivo sem citar potência como uma das principais capacidades envolvidas na preparação física, nesse pequeno texto, tenho como objetivo esclarecer alguns conceitos e comentar de forma simplificada e resumida como costuma ser empregado os treinos de potência anaeróbia no futsal.
Uma definição básica de Potência é de Kiss, 2003: “Quantidade máxima de energia transformada pela unidade de tempo.” Em outras palavras a potência é a quantidade máxima de energia recrutada e transformada em estímulos, que geram ações de velocidade. Antes de continuarmos precisamos definir outros dois conceitos importantes, que são:

Capacidade Anaeróbica Alática: que possibilita ao jogador desenvolver a máxima potência anaeróbica em períodos curtos, entre 5 a 10 segundos, como ações isoladas (piques curtos, saltos e mudanças de direção)
Capacidade Anaeróbica Lática: que possibilita ao jogador desenvolver potência total em ocasiões em que os estímulos têm até 40 segundos de duração, como, por exemplo, (seqüencia de contra ataques e retornos de marcação)Após esclarecermos estes conceitos, conseguimos entender ou ter uma noção da imensa importância da potência anaeróbia para nosso esporte, afinal a essência física resume-se em trocas de direção, saltos, arranques e piques curtos, sendo que, estudos afirmam que mais de 80% dos piques no futsal, são de 5 a 10 metros, afinal, dificilmente veremos um atleta atravessar a quadra correndo sem realizar uma ou mais trocas de direção, principalmente por causa da dimensão do espaço de jogo e também pelo alto dinamismo que a modalidade atingiu.

Após termos definido todos os conceitos, aproveito para demonstrar como trabalhamos essa capacidade e quais variações podem ser empregadas em busca da performance. Nossa equipe realiza estímulos semanais de potência anaeróbia, tanto alática como lática, respeitando apenas alguns critérios, na fase de pré-temporada prefiro alcançar uma boa base muscular antes de exercer estímulos de intensidade máxima ou sub máxima, então a partir de terceira ou quarta semana iniciam os trabalhos de potência de forma mais freqüente até o início do período competitivo e durante o período competitivo realizo a manutenção semanal e em alguns ciclos aplicamos estímulos maiores com objetivo de aumentar os níveis.Para potência alática costumamos realizar trabalhos pliométricos, sobretudo, tomando alguns cuidados, como o piso de jogo tem impacto excessivo, prefiro realizar saltos sobre cama elásticas (mini-jump) ou até mesmo em cima de tapetes EVA, que auxiliam na redução do impacto poupando as articulações de cargas abundantes de trabalho, além da pliometria realizamos também arranques com variações (sentado, deitado, pernas paralelas, em desequilíbrio entre outros) que simulam situações do jogo e aumentam a dificuldade do exercício. Também utilizamos cinturões de tração, individualmente presos em um ponto fixo sempre com o estímulo seguido de arranques ou até mesmo em duplas, o objetivo é aumentar a resistência e coordenar as fibras musculares para exercer alta intensidade em curto espaço de tempo.

Já para potência lática realizamos vários tipos de treinamento, entre eles circuitos envolvendo combinação de exercícios de agilidade e velocidade com o tempo total dos estímulos entre 30 e 40 segundos, nesse mesmo volume, realizamos o que chamamos treinos de resistência de velocidade, aonde o atleta executa durante no máximo 40 segundos, diversos piques inferiores à 20 metros sem intervalo de recuperação entre cada pique. Um ótimo local para estimularmos a potência anaeróbica é na academia, aonde realizamos séries com 8 a 12 repetições com aproximadamente 75 a 80% da carga máxima, porém com a velocidade de execução extremamente rápida.Todas as informações apresentadas neste texto podem ser utilizadas para a periodização de uma equipe, no entanto, a distribuição dos treinamentos e os exercícios utilizados ficam por conta de cada preparador definir o que é melhor e mais aplicável para sua equipe, levando em consideração gênero, categoria(idade) e nível físico dos atletas.