quinta-feira, 14 de março de 2013

FUTSAL: UMA REVISÃO COMPLETA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS DA MODALIDADE

De acordo com Gomes e colaboradores (2011), a modalidade caracteriza-se como um dos esportes mais praticados em nosso território nacional, no entanto apesar dos resultados expressivos conquistados em competições internacionais, carece ainda de abordagem cientifica, pois apresenta um número reduzido de estudos realizados com atletas desse esporte. “O esporte é praticado em mais de 100 países e com um número superior a 12 milhões de praticantes” (BARBERO et al., 2008). 
Confirmando esse crescimento do esporte, na última década a CBFS (Confederação Brasileira de Futsal), órgão que rege o esporte em nosso país, divulgou uma pesquisa contendo alguns números afirmando que o esporte está em ascensão e já está entre os esportes mais praticados no território nacional, principalmente no âmbito escolar. Futsal e futebol tornaram-se com a evolução do esporte, modalidades diferenciadas, principalmente em relação ao alto rendimento, sobretudo no plano tático, regras, sistemas e na parte técnica.

Por outro lado, do ponto de vista da formação e iniciação esportiva, pode-se perceber uma similaridade no desenvolvimento e nos praticantes, partindo do conceito que as duas modalidades são popularmente conhecidas como “jogos de bola” com os pés (CAVICHIOLLI et al., 2011). O futsal por ser uma modalidade coletiva, apresenta elementos em comum com outros esportes, como a bola, espaço de jogo, adversários, colegas de equipe, regras específicas e principalmente um objetivo a ser alcançado, nesse caso o gol, exigindo muita inteligência tática, movimentação, agilidade e velocidade em suas ações e na disputa pela bola (GENEROSI et al., 2009). 
Matos e colaboradores (2008) acreditam que a modalidade está passando por uma transição e as mudanças nas regras, somadas a evolução física, técnica e táticas das equipes, estão tornando o jogo cada vez mais dinâmico, intenso e competitivo. Fazendo com que os atletas se deparem com duas situações básicas, que são definidas pela posse de bola ou não, ou seja, quando em posse da bola, os atletas são estimulados a desempenharem a função de atacantes, porém sem a posse precisam rapidamente tornar-se defensores.  

Características da modalidade 
Na literatura encontramos poucas informações confiáveis sobre as características físicas e fisiológicas dos atletas de Futsal. Nunes e colaboradores (2012) acreditam que a explicação está no simples fato dos estudos normalmente serem voltados para o Futebol e a grande maioria dos profissionais periodizarem treinamento com mesmo volume e intensidade para as duas modalidades, não levando em consideração que as características do jogo são diferentes. 
Baroni, Couto e Leal Junior (2011), são ainda mais enfáticos quando afirmam que existe uma lacuna cientifica que recai sobre essa modalidade, pois se procurarmos nas bases de dados e publicações mundiais encontrarão poucos estudos sobre o esporte. No entanto, é possível determinar e apresentar algumas informações encontradas por alguns autores, principalmente nessa última década, que se comprometeram a explorar e buscar entendimentos sobre o esporte. 

A modalidade exige um ótimo condicionamento físico, enfatiza a velocidade de corrida e resistência, além disso, requer níveis substancias de força para chutes, arranques, mudanças rápidas de direção e capacidade de sprints repetidos durante as ações do jogo (BARBERO et al., 2008). Essas características podem ser explicadas pelo fato do futsal apresentar um número ilimitado de substituições, fazendo com que os níveis de intensidade durante a partida sejam extremamente elevados e consigam ser mantidos pelo revezamento entre os atletas que estão em quadra (NUNES et al., 2012). 

Pelas características visualizadas no jogo, o futsal apresenta predominância anaeróbia e consequentemente maior adaptação por parte dos atletas aos exercícios anaeróbios (LEAL JUNIOR et al., 2006). Baroni, Couto e Leal Junior (2011), complementam essa informação, quando definem o futsal como esporte de característica intermitente e elevada demanda física, composto por estímulos de alta intensidade com pequenas pausas ativas. 
O futsal assim como o futebol, também é uma modalidade composta por estímulos variados e periodização aleatória e específica, sendo que atualmente uma partida exige esforços de grande intensidade e curta duração, pois as velocidades que as ações acontecem durante o jogo, requerem que o atleta esteja preparado para reagir da melhor e mais rápida maneira possível (LIMA, SILVA e SOUZA, 2005). O esporte acontece através de ações explosivas, como arranques em velocidade, dribles, mudanças de direção, finalizações e saltos, separados por situações de interrupção do jogo, entre elas, faltas, laterais e escanteios (GOMES et al., 2011). 

Lima, Silva e Souza (2005), chamam atenção para a utilização também do metabolismo aeróbio, principalmente nas pausas e nas ações com tempo maior de duração, onde o atleta necessita de resistência, pois como sabemos o esporte apresenta predominância anaeróbia e não exclusividade apenas dessa via metabólica. Apesar da capacidade aeróbia não ser um elemento predominante do desempenho durante a partida de futsal, ela é fundamental para a performance no esporte, pois está relacionada com a condição física e recuperação entre os estímulos (NUNES et al., 2012). 

Soares e Tourinho Filho (2006) destacam que durante as partidas de futsal as respostas da frequência cardíaca e do lactato sanguíneo auxiliam na comprovação que o sistema anaeróbio lático foi solicitado de forma predominante e ainda salientam que essas informações podem contribuir na elaboração de um programa de treinamento específico. Em virtude da súbita aceleração e desaceleração exigida pelas mudanças de direção, esse esporte expõe seus praticantes a grandes impactos, causando danos musculares e oxidativos. 
Ao analisar seis atletas de Futsal com idade média (21,2 ±0,98 anos) após uma partida, foi possível determinar que houve aumento das concentrações de creatina quinase, xilenol e carbonil comparados ao pré-jogo, lembrando que todas essas substâncias estão diretamente associadas a danos e fadiga muscular (SOUZA et al., 2010). Os espaços menores da quadra fazem surtir no jogador de futsal o desenvolvimento de algumas características físicas como força e velocidade, predominante nos movimentos de arrancadas, dribles curtos e velocidade para ataques e contra-ataques. Isso faz com que o futsal seja uma modalidade dinâmica onde o atleta necessita ter rapidez, velocidade, força explosiva e potencia muscular (ALEXANDRE et al., 2009). 

Matos e colaboradores (2008) corroboram com essas afirmações citando que o perfil da aptidão geral do atleta de futsal de alto nível caracteriza-se pelos altos valores de potência aeróbica, tanto em valores absolutos como relativos, além de elevada força abdominal e agilidade. Não existe um perfil ideal de atleta para essa modalidade, mas sim que os diversos perfis adaptam-se diferentemente às situações de jogo, posições em quadra e tipos de testes (GOMES et al., 2011).

Referências:

1- ALEXANDRE, P. F. ; LACERDA, R. C. ; DEUS, L. A. ; MELO, F. A. T. ; ALVES, M. G. S.. Análise comparativa do desempenho muscular isocinético entre jogadores de futebol e futsal. Educação Física em Revista, v. 03, n. 02, p. 1342-1020, 2009.
2- BARBERO-ÁLVAREZ, J. C.; SOTO, V. M.; BARBERO-ÁLVAREZ, V.; GRANDA-VERA, J. Match analysis and heart rate of futsal players during competition. Journal of Sports Sciences, London, v. 26, n. 1, p. 63-73, 2008.
3- BARONI, B. M.; COUTO, W.;  LEAL JUNIOR, E. C. P. Estudo descritivo-comparativo de parâmetros de desempenho aeróbio de atletas profissionais de futebol e futsal. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.13, n.3, p. 170-176, 2011.
4- CAVICHIOLLI, F. R.; CHELUCHINHAK, A. B.; CAPRARO, A. M.; MARCHI JUNIOR, W.; MEZADRI, F. M. O processo de formação do atleta de futsal e futebol: análise etnográfica. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.25, n.4, p. 631-647, 2011.
5- GENEROSI, R. A.; NAVARRO, F.; GRECO, P. J.; LEAL JUNIOR, E. C. P.; LIBERALI, R. Aspectos morfológicos observados em atletas profissionais de futebol e futsal masculino. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 01, n.01, p. 10-20. Jan/Fev/Mar/Abr. 2009.
6- GOMES, S. A.; SOTERO, R. C.; GIAVONI, A.; MELO, G. F de. Avaliação da composição corporal e dos níveis de aptidão física de atletas de futsal classificados segundo a tipologia dos esquemas de gênero. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.17, n.3, p. 156-160, 2011. 
7- LEAL JUNIOR, E. C. P.; SOUZA, F. B.; MAGINI, M.; MARTINS, R. Á. B. L. Estudo comparativo do consumo de oxigênio e limiar anaeróbio em um teste de esforço progressivo entre atletas profissionais de futebol e futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.12, n.6, p. 323-326, 2006.
8- LIMA, A. M. J. ; SILVA, D. V. G.;  SOUZA, A. Oscar S. de. Correlação entre as medidas direta e indireta do VO2max em atletas de futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo,  v.11, n.3, p. 164-166, 2005.
9- MATOS, J. A. B.; AIDAR, F. J.;  MENDES, R. R.;  LÔMEU, L. M.;  SANTOS, C. A.; PAINS, R. Capacidade de aceleração de jogadores de futsal e futebol Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, , p. 224-228 jul/ago, 2008.
10- NUNES, R. F. H.; ALMEIDA, F. A. M.; SANTOS, B. V.; ALMEIDA, F. D. M.; NOGAS, G.; ELSANGEDY, H. M.; KRINSKI, K.; SILVA, S. G. DA. . Comparação de indicadores físicos e fisiológicos entre atletas profissionais de futsal e futebol. Motriz, Rio Claro, v.18, n.1, p. 104-112, jan/mar, 2012.
11- SOARES, B.H.;  TOURINHO FILHO, H.. Análise da distância e intensidade dos deslocamentos, numa partida de futsal, nas diferentes posições de jogo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v.20, n.2, p. 93-101, 2006.
12- SOUZA, C. T. de.; MEDEIROS, C. de.; SILVA, L. A. da.; SILVEIRA, T. C.; SILVEIRA, P. C.; PINHO, C. A. de.; SCHEFFER, D. da L.; PINHO, R. A.  Avaliação sérica de danos musculares e oxidativos em atletas após partida de futsal. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.12, n.4, p. 269-274, 2010.

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