sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

GENÉTICA NO ESPORTE: POR QUE DOIS ATLETAS QUE REALIZAM O MESMO PROGRAMA DE TREINAMENTO ATINGEM RESULTADOS DIFERENTES?

Por Lia Kubelka Back 

Além do treinamento, da nutrição e altitude, a genética é fator importante para determinar e até mesmo otimizar o potencial atlético de um indivíduo. Dois amigos de aproximadamente 35 anos se inscrevem em um grupo de corrida. Um deles consegue resultados muito bons e se estimula a participar até de maratonas. O outro consegue melhorar seu condicionamento físico, mas tem mais dificuldades em manter as atividades e melhorar sua performance... 
Existem diversos fatores que determinam o potencial atlético. Entre eles estão treinamento, atitude, nutrição e etc. Outro fator muito importante é a genética. Atualmente a genética já pode nos fornecer algumas informações interessantes para otimizar a performance. Os estudos de genética de esportes são relativamente poucos, mas hoje já podemos saber se uma pessoa tem o potencial genético para ser um velocista, por exemplo. Essa característica está associada ao gene ACTN3 que codifica uma proteína actina, associada ao funcionamento das fibras musculares. Algumas pessoas possuem uma deficiência dessa proteína causada por uma variante genética que está associada com os níveis de performance. 

A expressão da alfa-3-actina está restrita às fibras musculares do tipo 2, de contração rápida. Indivíduos com essa alteração genética possuem uma deficiência nas fibras musculares de contração rápida, transformando as características dessa fibra em fibra lenta com altos níveis de estresse oxidativo. Um grande número de estudos em diversas populações mundiais tem demonstrado que variações no gene ACTN3 influenciam a performance atlética. O número de pessoas com a completa deficiência dessa enzima é significativamente menor em grupos de atletas de elite. 
A combinação dos dois alelos funcionais está associada a uma capacidade de explosão, o que o consagra como possível gene da velocidade. Na população em geral, essa variante está associada com as diferenças entre os indivíduos em relação a essa força muscular e a capacidade atlética de cada um. O conhecimento dessa variação é uma ferramenta interessante para um delineamento de treino e plano de atividades mais individualizado no trabalho com atletas, mas também para todos que queiram melhorar seu condicionamento físico.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

SUPER COLETE ELÉTRICO: O SEGREDO DE BOLT, BENZEMA E DA SELEÇÃO ALEMÃ DE FUTEBOL

Por Cassio Barco 

Máquina vira moda na Espanha e ganha notoriedade depois de post de atacante francês do Real Madrid. São tempos modernos. A tecnologia tem mais importância no desenvolvimento do esporte e na transformação de atletas em praticamente super-heróis. Sair na frente e descobrir uma novidade antes dos outros pode até ser vantagem na hora de subir no pódio. 
Na Espanha, a moda do momento no mundo fitness é o colete eletroestimulante, que ganhou grande visibilidade após o atacante Benzema, do Real Madrid, postar uma foto o utilizando. Neste competitivo mundo, é de praxe tentar até manter segredo quanto à utilização de novas tecnologias ou formas de recuperação. Cristiano Ronaldo e Rafael Nadal, do tênis, utilizam uma esteira criada pela Nasa, por exemplo, mas nunca apareceram em fotos com o "brinquedo". O colete, no entanto, passou por um "boom" nos últimos dois anos e começou a aparecer conforme virou o queridinho de atletas como Usain Bolt e do departamento médico do Bayern de Munique que o utiliza com todos os seus atletas. 

O equipamento tem influenciado nos tempos do homem mais rápido do Mundo, ajuda os alemães que fizeram a base da seleção campeã da Copa do Mundo e ganharam do Brasil de 7 a 1, e colabora com a boa fase de Benzema no setor ofensivo do Real. A máquina completa, que envolve parte de membros superiores e inferiores, e um controle de intensidade de carga elétrica para cada músculo, custa em torno de R$ 50 mil - e não é o tipo de instrumento que pode ser comprado e utilizado sozinho, sem o acompanhamento de um especialista. 
Embora o objetivo inicial fosse ser um instrumento caseiro, para fins terapêuticos e tratamento de celulite, e depois tenha se descoberto o potencial com atletas de ponta. Tudo se baseia no processo elétrico do corpo, e o colete tem a função de acelerá-lo. Quando você faz exercícios na academia, a comunicação entre músculos e cérebro já é um processo de geração de energia. Entretanto, em uma atividade de uma hora e meia a duas horas, mesmo de um atleta de ponta, consegue-se utilizar no máximo 50% da capacidade das fibras musculares. A utilização do colete faz com que a eletricidade penetre no restante e faça com que uma capacidade de até 90% seja alcançada. 

Como isso funciona? Por choques elétricos. Não são choques fortes, mas a sensação pode chegar a ser um pouco desconfortável em uma primeira experiência, como encostar em um fio mal encapado. A regulação da intensidade disso varia de acordo com o nível do atleta, seja iniciante ou de elite. A roupa é molhada e o colete, extremamente apertado para otimizar a condução da corrente elétrica. A cada quatro segundos, a pessoa recebe uma descarga em seus músculos. 
- O que surpreendeu Benzema e Usain Bolt é que, mesmo sendo atletas de alto nível, puderam ainda assim melhorar o rendimento com o colete. Isso é o que chama atenção. E não ajudamos só eles, já atendemos desde atletas de MMA até os de golfe. Cada modalidade recebe um trabalho específico - explica Francis Borrell. - Um jogador de futebol, que trabalha muito as pernas diariamente recebe atenção maior nos membros inferiores. Um lutador de MMA faz exercícios para desenvolver elasticidade, reflexo, e força máxima. Assim atendemos a todos em altos níveis de exigência - compara David Estruc. 

Democrático, intenso e prático. Os treinos com o colete são tão fortes que, mesmo para atletas profissionais, são realizados apenas duas vezes por semana, e por um período de 20 minutos. Embora não pareça um exercício tão forte, o estímulo enviado ao cérebro é de uma prática muito mais potencializada, que traz resultados maiores. A rapidez é outro atrativo para clientes, desde não atletas, que possuem pouco tempo de intervalo, a jogadores como Benzema, que possuem agenda apertada. Por isso, o recente "boom" na utilização. - É importante lembrar que não se trata de uma máquina mágica. Ela pode deixar sua vida e seu corpo melhores, mas é um complemento. Você deve misturá-la com uma padrão de vida saudável, alimentação regular, e intercalar com a prática de outros esportes, seja qual for o seu favorito, a corrida ou o futebol - ressalta Estruc.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

TREINAR EM JEJUM AJUDA A EMAGRECER OU TRAZ PERIGOS PARA SUA SAÚDE?

Por Gustavo Luz 

Um dos desafios de quem planeja perder peso é o de não comer demais para evitar engordar e não comer de menos para acumular mais energia. Na semana passada, um amigo enviou-me uma sugestão de tema bem interessante: “É positivo treinar em jejum, se o seu objetivo é perda de peso”? É uma pergunta bem direta e que deve ser dúvida de um monte de gente. Então vamos direto falar sobre o assunto. Algumas pesquisas sérias sugerem que se você, por exemplo, colocar o seu despertador mais cedo e se exercitar antes de tomar café, ou seja, em jejum, talvez seu corpo seja induzido a queimar mais gordura e com isso potencializar a perda de peso (isso vale para jejum em qualquer hora do dia). 
Entretanto, também existem outras pesquisas de igual seriedade que indicam que a melhor opção é não treinar de barriga vazia. Qual corrente está certa? Ao longo dos anos de treino, de trabalho com excelentes profissionais da área da saúde e de ter tido a possibilidade de treinar um monte de gente com os mais diferentes perfis, consigo ver uma linha tênue entre uma avaliação laboratorial com as variáveis sob controle e a vida cotidiana, o dia-a-dia de cada um de nós. É possível que em determinadas situações controladas, e em ritmo de pesquisa, o jejum potencialize algum resultado - e pode parecer lógico, não vou comer nada, o corpo vai ter que arrancar gordura da minha barriga pra queimar energia e eu vou emagrecer mais rápido. 

Mas é provável que isso não funcione com você na prática. Um dos maiores desafios de quem quer reduzir os ponteiros da balança, treinando, é não comer demais para não engordar e não comer de menos para não faltar energia para treinar. Já presenciei várias situações em que um corredor simplesmente não comeu (ou não comeu o suficiente) e foi treinar. Acabou se sentindo mal, sem energia e, ou completou o treino aos trancos e barrancos ou voltou para casa dali mesmo. Tenho a impressão de que sustentar um ou outro treino em jejum até dá, mas um ciclo de treinos, durante várias semanas, talvez seja mais difícil. 
Não tem mágica nem milagre, você pode até encontrar um jeito de acelerar a perda de peso ou a redução de medidas (cuidado com a ansiedade), mas vai ter que seguir a cartilha básica da fisiologia e ser regular no treinamento e cuidar do seu sono e da sua alimentação. Se estiver muito acima do peso, o cuidado com a alimentação se torna ainda mais importante. Percebo que isso é bem mais sustentável ao longo prazo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

EFEITO DE QUATRO DIAS CONSECUTIVOS DE JOGOS SOBRE A POTÊNCIA MUSCULAR E RECUPERAÇÃO EM JOGADORES DE FUTSAL

Fonte: Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 
Autores: Victor Hugo FREITAS, Eberton Alves de SOUZA, Ricardo Santos OLIVEIRA, Lucas Adriano PEREIRA, Fábio Yuzo NAKAMURA. 

RESUMO 
O objetivo desse estudo foi analisar o efeito de jogos de futsal realizados em dias consecutivos sobre o desempenho em testes de saltos verticais e sobre o estresse e a recuperação de atletas dessa modalidade. Participaram deste estudo 11 atletas do sexo masculino (24,3 ± 5,0 anos, 1,73 ± 0,07 cm, 75,7 ± 9,0 kg, 11,2 ± 4,1% de gordura), pertencentes a uma equipe de futsal. A equipe foi monitorada durante a fase final dos Jogos Abertos do Paraná, com jogos realizados em quatro dias consecutivos. O RESTQ-Sport foi aplicado antes e após a competição, e os testes de "squat jump" (SJ) e de salto vertical com contramovimento (CMJ) foram realizados na manhã de todos os dias de jogos. 
O SJ apresentou uma provável diminuição (0/34/66%) antes do segundo jogo comparado com antes do primeiro, uma muito provável diminuição (0/3/97%) antes do terceiro jogo comparado com antes do primeiro e uma provável diminuição (2/20/78%) antes do quarto jogo comparado com antes do primeiro. O CMJ apresentou uma provável diminuição antes do segundo (0/19/81%), terceiro (3/20/77%) e quarto jogo (1/10/89%) em relação à antes do primeiro. A escala recuperação física do RESTQ-Sport foi menor no pós-competição, comparada com o pré-competição (p < 0,05) e a escala fadiga foi maior no pós-competição comparada com pré-competição (p < 0,05). 

A diferença entre o Σ das escalas de recuperação e o Σ das escalas de estresse no pós-competição (7,5 ± 9,8) foi menor que o pré-competição (9,8 ± 9,1; p = 0,03). Em conclusão, o decréscimo no desempenho de saltos verticais e as alterações deletérias nas escalas do RESTQ-Sport sugerem que houve acúmulo de fadiga ao longo de jogos de futsal realizados em dias consecutivos. 

A PESQUISA
O futsal é uma modalidade esportiva de natureza intermitente com esforços de alta intensidade e curta duração (2-3 s), intercalados com breves períodos de recuperação (20-30 s) 1, somados a constantes mudanças de velocidade e direção. Dessa forma, durante a partida há uma elevada exigência dos sistemas aeróbio e anaeróbios para o suprimento de energia. Tais exigências metabólicas levam a uma elevada frequência cardíaca média (~90% da frequência cardíaca máxima) durante as partidas, as quais são disputadas em dois tempos cronometrados de 20 minutos podendo, dessa forma, uma partida ter a duração real de aproximadamente 80 minutos. 

No Brasil e em outros países, equipes dessa modalidade podem disputar de dois a quatro jogos por semana, realizados em dias consecutivos em competições de menor duração, como por exemplos os Jogos Abertos do Interior. A alta intensidade das partidas de futsal provoca dano muscular, inflamação e redução da função muscular. Dessa maneira, apesar da necessidade de níveis adequados de recuperação para um bom desempenho nas partidas, o intervalo de tempo entre jogos realizados em dias consecutivos pode ser insuficiente para promover uma recuperação adequada aos jogadores.

Em outros esportes coletivos, foi demonstrado que atletas de basquetebol, por exemplo, apresentavam fadiga acumulada refletida no menor desempenho em teste de salto vertical durante um campeonato com jogos em dias consecutivos. Resultados similares também foram encontrados em jogadores de futebol. No entanto, essa problemática não foi investigada no futsal durante um campeonato com essas características. Os sintomas de fadiga observados após exercícios intensos são refletidos em marcadores psicofisiológicos e no desempenho em testes físicos. Dessa forma, testes de desempenho, bem como questionários com indicadores psicológicos específicos para o esporte, são boas estratégias para avaliar fadiga ocasionada por exercícios intensos. 

Neste sentido, o teste de desempenho no salto vertical se mostra sensível para identificar a fadiga após partidas de futsal e rúgbi. A diminuição da função muscular observada a partir de testes de salto vertical é relacionada com a fadiga metabólica e neuromuscular e com o dano muscular ocasionado pelo exercício, podendo permanecer por vários dias. Já o Questionário de Estresse e Recuperação para atletas (RESTQ-Sport) é amplamente utilizado como uma ferramenta sensível para identificar alterações no balanço estresse/recuperação de atletas de várias modalidades. O RESTQ-Sport é uma ferramenta simples, de baixo custo operacional e de fácil aplicação, que pode fornecer informações importantes relacionadas a essas variáveis durante um campeonato com jogos realizados em dias consecutivos. 

Conhecer o impacto de jogos realizados em dias consecutivos sobre o desempenho em testes físicos simples e o balanço entre estresse e recuperação em atletas de futsal é necessário, pois possibilita planejar estratégias de recuperação adequadas de maneira a preservar a integridade física dos atletas e potencializar o desempenho nos jogos. Assim, o objetivo desse estudo foi analisar o efeito de jogos de futsal realizados em dias consecutivos sobre a potência muscular em saltos verticais e o balanço entre estresse e recuperação de atletas dessa modalidade. A hipótese desse estudo é que alterações negativas no balanço entre estresse e recuperação e queda do desempenho em testes de saltos verticais ao longo dos jogos consecutivos seriam registrados. 

DISCUSSÃO 
As principais constatações deste estudo foram que a altura alcançada nos testes SJ e no CMJ diminuíram ao longo da competição. Além disso, houve uma diminuição no escore do RESTQ-Sport relacionado à recuperação física e um aumento no escore relacionado a lesões pós-competição comparado com o momento pré-competição. É possível notar também que a diferença entre o somatório das escalas de recuperação e o somatório das escalas de estresse foi menor pós-competição, comparado com o momento pré-competição. Esses resultados confirmam a hipótese inicial desse estudo. 

Os movimentos executados pelos membros inferiores nos jogos de futsal como correr, saltar e andar utilizam, em sua maioria, ações de ciclo alongamento-encurtamento (CAE). Exercícios exaustivos com esse padrão de movimento podem induzir alterações musculares com consequentes alterações reflexas que podem proporcionar diminuição no desempenho nos saltos verticais que envolvem o CAE. Horita et al.25 apontam para uma maior sensibilidade de testes com CAE à fadiga ocasionada por exercícios dessa natureza quando comparados a testes que envolvem ações puramente concêntricas. Por outro lado, as adaptações ocasionadas pelos constantes treinamentos específicos para a modalidade podem ter ocasionado efeito protetor do exercício repetido, refletindo em menores alterações deletérias ao CMJ. 

Assim, a sensibilidade dos testes de saltos verticais mostrou-se semelhante para identificar a ocorrência de queda da função muscular ao longo dos jogos, com uma maior magnitude observada no teste de SJ. Embora os resultados apresentados no presente estudo não permitam apontar o mecanismo responsável pela diminuição no desempenho nos testes de salto ao longo dos dias, um dos principais fatores relacionados à queda da potência muscular nos dias seguintes aos jogos pode estar relacionado ao dano muscular ocasionado pelo exercício. Nesse sentido, de Moura et al. demonstraram um aumento nas concentrações plasmáticas de creatina kinase (CK) e em processos inflamatórios imediatamente após uma partida de futsal. Com isso, os autores sugerem que partidas dessa modalidade podem ocasionar dano muscular. Isso, por sua vez, pode ter contribuído para a redução no desempenho nos testes de saltos nos dias subsequentes aos jogos de futsal reportados no presente estudo. 

Outro mecanismo que pode ter influenciado nessas respostas é a fadiga de baixa frequência. Devido às ações repetidas do CAE realizadas durante jogos de futsal, a fadiga de baixa frequência pode ter sido desencadeada, principalmente, por uma menor liberação do cálcio do retículo sarcoplasmático, o que por sua vez pode prejudicar o acoplamento das pontes cruzadas, diminuindo a força de contração muscular. Consequentemente, o desempenho nos testes de saltos pode ter sido comprometido. Outro fato importante a ser destacado é que os valores médios percentuais de queda observados nos testes de SJ e CMJ (4 e 5 %, respectivamente) estão próximos aos valores de queda apresentados (~7%) no CMJ após consecutivas partidas de futebol e handebol. 

Vale ressaltar que no estudo de Rowsell et al.28 a amostra foi composta por atletas juniores de futebol, e no estudo de Ronglan et al.29 a amostra foi composta de mulheres jogadoras de handebol. Desse modo, independente da modalidade esportiva ou mesmo da amostra dos estudos supracitados, parece que competições com jogos realizados em dias consecutivos provocam um percentual de queda aproximado em testes de salto vertical. A mudança negativa das escalas recuperação física, lesões e da diferença entre ΣR e ΣE do RESTQ-Sport após a competição com jogos consecutivos de futsal apresentadas no presente estudo, sugerem que a competição ocasionou aumento no estresse e uma redução na percepção de recuperação dos jogadores de futsal. 

Essas mesmas escalas foram alteradas em outros estudos, em momentos de treinamento intensificado no rúgbi, triatlo e natação, sendo relacionadas à fadiga acumulada nesses períodos. A alteração nas escalas do RESTQ-Sport no presente estudo pode ter alguma relação com a fadiga/dano muscular. No entanto, a relação entre esses dois constructos deve ser elucidado apropriadamente em estudos futuros. Apesar das alterações na potência de membros inferiores observados nos testes de saltos verticais e as alterações de estresse e recuperação observadas pelo RESTQ-Sport sugerirem haver acúmulo de fadiga nos jogos de futsal realizados em dias consecutivos, não é possível afirmar que o desempenho dos atletas durante as partidas foi alterado. A queda do desempenho de corrida durante as partidas de futebol realizadas em dias consecutivos foi demonstrada no estudo realizado por Rowsell et al, o que sugere uma proposta de futuros estudos com o futsal e outras modalidades esportivas. 

Além disso, estudos que investiguem os componentes fisiológicos responsáveis pelas alterações no desempenho são necessários para fortalecer os resultados do presente estudo e auxiliar na escolha da estratégia de recuperação adequada. Conclui-se que o campeonato de futsal investigado, com jogos realizados em dias consecutivos, ocasionou queda de desempenho nos testes de saltos verticais ao longo da competição e alterações deletérias nas escalas do RESTQ-Sport ao final do campeonato. Isso mostra que competições esportivas organizadas com jogos em dias consecutivos pode comprometer o desempenho físico dos atletas, bem como alterar o equilíbrio entre estresse e recuperação. A sobrevida desses estados alterados, associados a correlatos fisiológicos e imunológicos, deve ser objeto de investigações futuras.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

DESTILADO X FERMENTADO: MITOS E VERDADES DAS BEBIDAS ALCOÓLICAS

Por Natália de Oliveira 

Cerveja engorda mais do que vodka? Aguardente é igual cachaça? Cuba Libre ou Caipirinha? Informe-se para não errar na dose neste Carnaval. Nestes quatro dias de clima de festa e folia ninguém resiste a uma bebida alcoólica, seja ela uma latinha de cerveja gelada ou uma boa taça de vinho. Porém, as bebidas alcoólicas não fornecem nutrientes ao organismo e são altamente calóricas, cerca de 1g de álcool fornece 7kcal. 
As destiladas são bebidas purificadas através de um processo chamado de destilação a partir de substâncias fermentadas, tais como: frutas, grãos e outras partes vegetais. Bebidas destiladas são geralmente mais fortes e com alto teor alcoólico. São elas: cachaça, rum, tequila, vodka e uísque. Já as bebidas fermentadas, surgem através de um processo de transformação dos açúcares em álcool, ácido carbônico, entre outros produtos. São bebidas fermentadas: cerveja, saquê, vinho e sidra. 

Durante este Carnaval, vale a dica de beber com moderação, e usar a informação para fazer as melhores escolhas. Veja uma lista de verdades e mitos sobre as bebidas: 
Portanto, em dietas de emagrecimento, as bebidas fermentadas são preferíveis em relação às destiladas. No entanto, ficar de ressaca porque exagerou na dose e além disso, ganhar alguns quilos extras é tudo o que o seu corpo não precisa. Quanto maior a quantidade de álcool ingerida, maiores serão os prejuízos a sua saúde, principalmente para o cérebro e o fígado. Procure não errar na dose.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

HIDRATAÇÃO E DESCANSO: AS DICAS CONTRA OS RISCOS FÍSICOS DO CARNAVAL

Por Nabil Ghorayeb 

Cardiologista alerta para alto consumo calórico dos foliões e faz recomendações contra o desgaste encontrado na época de festa. A diversão do carnaval na maioria das vezes vem acompanhada de desgaste físico, e o consumo calórico de pessoas que participam, por exemplo, da folia no Sambódromo, é alto. Calculamos a média gasta por uma jovem passista magra que dança bastante e por um passista de aspecto obeso que se movimenta de modo arrastado. No primeiro caso, a perda aproximou-se de 400 calorias e algo em torno de 2kg (de água, basicamente). Já no segundo, foram 300 calorias e apenas 1kg. 
Usamos os exemplos para lembrar que os não preparados fisicamente e que não conhecem seus limites cardiorrespiratórios passarão por muitas dificuldades e até um certo grau de risco. Para os que vão ficar somente na arquibancada, pulando, o desgaste e o risco serão pequenos. Ao sentir cansaço, o ideal é sentar e se reidratar. Já a turma que desfila em escolas e blocos precisam de um preparo de atleta. O uso e abuso de bebidas alcoólicas e outras substâncias torna o evento sem controle algum aos cuidados com a saúde, como um todo. 
Os efeitos cardiovasculares são imprevisíveis, e pelo histórico registrado por décadas, temos de tudo em emergências. O alerta é feito para pessoas que desejam diversão, mas sem abusos. Hidratação com isotônicos deve ser feita sem economia, alimentar-se antes do consumo do álcool para diminuir os efeitos danosos do excesso e descansar o corpo de tempos em tempos são pontos cruciais. Dias seguidos de carnaval exigem descansos prolongados. Nas próximas semanas falaremos sobre energéticos, estimulantes e outras substâncias comuns no carnaval.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PALMILHAS ORTOPÉDICAS: VEJA OS BENEFÍCIOS E TAMBÉM OS ESTUDOS SOBRE ESSE PRODUTO CADA VEZ MAIS PROCURADO POR ATLETAS

Por Raquel Castanharo 

As palmilhas ortopédicas são dispositivos colocados dentro do sapato com a promessa de diminuir casos de dor e corrigir algum desvio postural. Elas são encontradas do tipo pré-fabricado ou feitas sob medida para os pés, e são geralmente prescritas para uma grande lista de problemas ortopédicos que atingem os corredores. O uso de palmilhas é um assunto que divide opiniões, entre os profissionais da área da saúde e até mesmo entre os corredores, pois as evidências de eficácia vistas pela ciência ainda geram discussões e cada corredor tem uma experiência diferente com o uso delas, uns melhorando e outros não. 
Confiar que a palmilha sozinha vai curar um problema pode não levar aos resultados esperados. Em uma das mais respeitadas fontes de pesquisa científica (Cochrane Database of Systematic Reviews), as palmilhas feitas sob medida mostraram-se efetivas para o tratamento de pé cavo doloroso, artrite reumatoide e joanete (halux valgo). Os resultados não foram claros para fascite plantar. Olhando-se com atenção, esses estudos não foram focados em corredores e essas patologias não são as mais comuns entre eles, com exceção da fascite plantar. 

Já uma pesquisa voltada exclusivamente para corredores mostrou melhora da dor após oito semanas de uso de palmilha em casos de tendinite do tendão de Aquiles, síndrome femoro-patelar e canelite. A dor melhorou, mas não desapareceu, e não é possível concluir se com mais tempo de uso o problema se revolveria completamente ou voltaria a piorar. Em relação ao tempo de utilização de palmilhas, o American College of Sports Medicine sugere que seu uso em corredores não ultrapasse 8 semanas. 
Elas seriam dessa forma um instrumento para auxiliar no controle da dor no início do tratamento, mas depois o corpo deveria se tornar independente deste auxílio, através de fortalecimento muscular, melhora da mecânica da corrida e adequação de volume de treinamento. Eu acredito que nenhuma forma de tratamento sozinha é capaz de resolver as lesões nos corredores e que o corpo deve ser estimulado a usar todo seu potencial e depender o menos possível de auxílios externos. 

Referências: Clinical effectiveness of customised sport shoe orthoses for overuse injuries in runners: a randomised controlled study. Custom-made foot orthoses for the treatment of foot pain. American Colege of Sports Medicine information on selecting running shoes.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ESTEIRA ESPECIAL USADA POR CRISTIANO RONALDO DEIXA CORRER COM REDUÇÃO DE 80% DO PESO

Por Turíbio Barros 

Ela alivia o impacto, poupando tornozelos, joelhos quadril e coluna, dando chance de obter benefícios do exercício sem sobrecarga nas articulações Em um episódio recente do programa Esporte Espetacular, uma matéria chamou a atenção, tanto por abordar o atleta considerado o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, quanto por discutir os fatores responsáveis pelo seu desempenho físico excepcional. Além da contribuição genética decorrente de uma avó de origem africana, a matéria enfatizou a importância de particularidades de seu programa de treinamento. 
O recurso que mais chamou a atenção foi sem dúvida uma esteira desenvolvida pela NASA, que permite correr com redução de até 80% do peso corporal. A curiosidade que ela desperta justifica fazer algumas considerações sobre seu princípio e seus benefícios. Esta esteira foi de fato concebida em função da necessidade detectada pela NASA de treinar os astronautas a fazer exercícios com o peso corporal reduzido pela menor gravidade no espaço. Ela possui um recurso que sustenta o peso do indivíduo pela cintura, dentro de uma câmara na qual existe uma pressão de ar que permite graduar o percentual desejado do peso corporal ao andar ou correr sobre a cinta da esteira. 
Os benefícios decorrentes destas propriedades são tanto do ponto de vista fisioterápico quanto de condicionamento físico. A redução do peso corporal alivia o impacto sobre o aparelho locomotor, poupando tornozelos, joelhos quadril e coluna, proporcionando a possibilidade de obtenção dos benefícios do exercício sem sobrecarga nas articulações. Este recurso também antecipa os exercícios de andar e correr em períodos de recuperação de traumas e cirurgias ortopédicas, acelerando o processo de reabilitação. 

No aspecto do condicionamento físico, a esteira proporciona o importante benefício de capacitar o indivíduo a correr em velocidade muito superior à habitual, na medida em que se diminui o peso a ser sustentado. Este recurso desenvolve uma sensível melhora da coordenação motora, contribuindo tanto para melhorar a velocidade, quanto para aperfeiçoar a economia de movimento ou seja, a eficiência mecânica, fator determinante de desempenho. 
No caso do Cristiano Ronaldo, realmente chama muito a atenção a perfeição da sua mecânica de corrida, que certamente teve a influência de um aperfeiçoamento como contribuição do treinamento nesta esteira. A “esteira espacial” ou anti-gravitacional já existe no Brasil e é um recurso que certamente vai cada vez mais ser incorporado em clubes, clínicas e academias, proporcionando aos usuários o benefício de um avanço tecnológico com resultado comprovado na reabilitação e na melhora do desempenho.