sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

GENÉTICA NO ESPORTE: POR QUE DOIS ATLETAS QUE REALIZAM O MESMO PROGRAMA DE TREINAMENTO ATINGEM RESULTADOS DIFERENTES?

Por Lia Kubelka Back 

Além do treinamento, da nutrição e altitude, a genética é fator importante para determinar e até mesmo otimizar o potencial atlético de um indivíduo. Dois amigos de aproximadamente 35 anos se inscrevem em um grupo de corrida. Um deles consegue resultados muito bons e se estimula a participar até de maratonas. O outro consegue melhorar seu condicionamento físico, mas tem mais dificuldades em manter as atividades e melhorar sua performance... 
Existem diversos fatores que determinam o potencial atlético. Entre eles estão treinamento, atitude, nutrição e etc. Outro fator muito importante é a genética. Atualmente a genética já pode nos fornecer algumas informações interessantes para otimizar a performance. Os estudos de genética de esportes são relativamente poucos, mas hoje já podemos saber se uma pessoa tem o potencial genético para ser um velocista, por exemplo. Essa característica está associada ao gene ACTN3 que codifica uma proteína actina, associada ao funcionamento das fibras musculares. Algumas pessoas possuem uma deficiência dessa proteína causada por uma variante genética que está associada com os níveis de performance. 

A expressão da alfa-3-actina está restrita às fibras musculares do tipo 2, de contração rápida. Indivíduos com essa alteração genética possuem uma deficiência nas fibras musculares de contração rápida, transformando as características dessa fibra em fibra lenta com altos níveis de estresse oxidativo. Um grande número de estudos em diversas populações mundiais tem demonstrado que variações no gene ACTN3 influenciam a performance atlética. O número de pessoas com a completa deficiência dessa enzima é significativamente menor em grupos de atletas de elite. 
A combinação dos dois alelos funcionais está associada a uma capacidade de explosão, o que o consagra como possível gene da velocidade. Na população em geral, essa variante está associada com as diferenças entre os indivíduos em relação a essa força muscular e a capacidade atlética de cada um. O conhecimento dessa variação é uma ferramenta interessante para um delineamento de treino e plano de atividades mais individualizado no trabalho com atletas, mas também para todos que queiram melhorar seu condicionamento físico.

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