quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

PREPARADOR FÍSICO COM PASSAGENS POR EQUIPES DE SC FALA SOBRE AS DIFICULDADES PARA AS EQUIPES QUE NÃO DISPUTAM A LIGA FUTSAL

Por Gustavo Teixeira: preparador físico do Florianópolis Futsal 

A Divisão Especial de Santa Catarina hoje se caracteriza no papel por um dos mais fortes campeonatos de futsal do pais, por ter o maior numero de equipes representando o estado na Liga Nacional de Futsal, ao todo são 6 (seis) equipes, Jaraguá Futsal, Krona Joinville, Concórdia Futsal, Blumenau Futsal, Floripa Futsal e Unisul Tubarão. Em 2015 teremos as equipes de Xaxim, Chapecó e Joaçaba (estas confirmadas até então), faria nossa competição ter apenas 9 equipes na principal divisão. 
Um dos principais motivos da falta de interesse em outras equipes em participar da divisão especial é o pouco apoio das empresas, isto acaba fazendo com que tenham pouco investimento e consequentemente um elenco reduzido e pouco capaz de fazer frente às grandes equipes do estado que disputam a Liga Nacional. O fato de trabalhar com poucos atletas acaba causando uma sobrecarga de trabalho o que pode acarretar em lesões o que complicaria mais ainda a temporada destas equipes, normalmente as equipes da liga trabalham com 15, 18 adultos mais alguns atletas da base, estas equipes menores, trabalham em média com 10, 12, no máximo 15 atletas isso já contando com atletas juvenis. 
No ano de 2014 trabalhei na equipe do Caça e Tiro de Lages, primeiro semestre tínhamos 14 atletas, sendo 3 goleiros e 1 juvenil, nos apresentamos depois das demais equipes, tivemos poucos dias de pré temporada, poucos amistosos, o que dificultou um pouco o inicio da temporada, não fizemos uma boa Divisão Especial, o que colocou o trabalho da comissão técnica sobre avaliação, foram algumas lesões e o trabalho feito a longo prazo não surtiu efeito, para o segundo semestre, após uma reformulação, ficamos com 10 atletas de linha e 3 goleiros, mudei o sistema de trabalho, focando mais em potencia, resistência e força, como os atletas já vinham de uma carga de jogos e trabalho, pude fazer isso em uma inter temporada, mas qualquer lesão poderia acabar com o treino devido ao pequeno numero de atletas, trabalhamos muito propriocepção e treinos de core, para reduzir as chances de lesões. 
Os resultados melhoraram significantemente e acabamos por conquistar um titulo importante que foi a Taça Santa Catarina, competição esta que foi formada pelas equipes que não disputaram a Liga Nacional. Isso foi um breve resumo da temporada em uma equipe que não joga liga nacional. Dentre as maiores dificuldades na parte física, cito o curto espaço entre pré-temporada e competições, o numero reduzido de atletas faz com que tenhamos uma preocupação maior com a sobre carga de trabalho. Como dicas, sugiro a quem trabalha nestas equipes, trabalhe muito core (estabilização da musculatura), propriocepção (reforço das articulações em membros inferiores) e a borrachinha também é importante para fortalecimento da musculatura. 

Se possível, durante a temporada o período de folga após os jogos deverá ser de 48 horas, isso ajuda muito na preparação. Os principais obstáculos encontrados é a busca pelo resultado imediato (fruto da cultura vinda do futebol), o que pode causar lesões e acabar por prejudicar o trabalho no restante da temporada. Para finalizar, o trabalho em conjunto da comissão técnica e departamento médico é essencial para o desenvolvimento da equipe na temporada, recuperação de pequenas lesões em curto prazo, recuperação ativa na fisioterapia, trabalho conjunto da parte física com a fisio,tudo isso é de grande valia para equipe que durante o ano fará no mínimo 50 jogos. 

Fico por aqui e agradeço ao Mauro pelo espaço cedido. 
Desejo a todos um ótimo 2015 que seja de muito sucesso. 
Grande abraço.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

PREPARADOR FÍSICO BRASILEIRO FALA SOBRE O FUTSAL RUSSO E AS DIFERENÇAS NOS TREINAMENTOS E JOGOS.

Por David Cardoso: preparador físico da equipe russa de futsal Gazprom-Yugra 

O futsal na Rússia vem se desenvolvendo nos últimos anos, confirmando os últimos resultados que a seleção russa vem conquistando nos campeonatos oficiais feitos pela FIFA. O campeonato russo hoje esta, com certeza, entre os melhores campeonatos do mundo, pois nele estão grande jogadores, referenciados e que representam suas seleções. Por aqui hoje atuam jogadores brasileiros, iranianos, espanhóis, ucranianos entre outros. Os atletas russos possuem boas qualidades técnicas e se desenvolveram muito devido a elevada qualidade do campeonato. 
Quase todos os jogos são transmitidos pela internet, o que ajuda ainda mais a divulgar o esporte e seus participantes. O campeonato é muito competitivo e no mínimo 5 ou 6 equipes estão aptas a serem campeãs. Algumas equipes contam somente com atletas russos, o que possibilita o desenvolvimento das categorias de base e revelação de atletas. Por aqui no futsal, por mais estranho que pareça, a medicina esportiva anda um pouco atrasada e os treinamento precisam de atualização, ainda existem alguns tabus a serem quebrados e novas idéias precisam ser colocadas em prática. 

A comissão técnica da minha equipe, Gazprom-Ugra é composta por alguns brasileiros o que facilitou a adaptação e a execução do trabalho por mim planejado. Claro que com todas as diferenças culturais, climáticas tive que adaptar o trabalho, aprender e reinventar muitas das ferramentas que utilizava, além de conquistar a confiança dos atletas. Continuo realizando boa parte das tarefas que fazia nas outras equipes que trabalhei no Brasil, com algumas adaptações, mas boa parte foi bem aceita pelos jogadores e por consequência no resultados individuais e coletivos da equipe. 
Controles como a frequência cardíaca das sessões de treinamento; valores de glicemia, escala de esforço, avaliações físicas das principais características físicas são algumas das ferramentas utilizadas. São realizados relatórios sobre as principais variáveis físicas dos atletas de forma individual, além das estatísticas dos jogos. Na primeira temporada em que me mudei para Moscou, fomos vice-campeões da Superliga Russa e Copa da Rússia, além de um terceiro lugar na Copa Eremenko (campeonato euro-asiático) realizado pela primeira vez no Cazaquistão, com equipes que não atuavam na UEFA (exceção do atual campeão, o Kairat). 

Estou em minha segunda temporada e esperamos alcançar melhores resultados. Tenho procurado com as mudanças e as particularidades que este campeonato possui, evoluir e especificar ainda mais o trabalho; o controle sobre as cargas e por consequência a diminuição das lesões se tornam essenciais. Na Rússia se jogam 50 minutos (2 tempos de 25 ), ao contrário de praticamente todos campeonatos do mundo. Isso modifica algumas características do treinamento e por consequência o planejamento da execução das capacidades motoras. O campeonato possui turno e returno (com dois dias seguidos de jogos) seguido pelo playoff feito em melhor de 5 jogos. 
A temporada é longa e muito dura, a exigência é grande e por vezes cruel. Além de todos estes fatores citados anteriormente, as viagens pela dimensão do pais são longas, além das diferenças de fuso horário que existem, o que torna ainda mais difícil a programação de treinos, alimentação e repouso nas estadias. Uma curiosidade que as pessoas sempre tem é com relação ao frio e como o trabalho se realiza. Em praticamente todos os ginásios existe calefação, que esquenta o ambiente e por isso a temperatura se torna agradável e apta a prática da modalidade, não é necessário realizar nenhuma atividade extra para que os atletas possam exercer suas atividades. 

Mais do que desenvolver nos atletas o máximo de suas características, hoje vejo que a área da preparação física deve procurar ao máximo se abastecer de informações que os controles nos proporcionam, ou seja, todos os profissionais devem se cercar dos vários fatores que podem favorecer a diminuição de lesões e facilitar o desenvolvimento de capacidades em déficit. Trabalhos que visam o equilíbrio do corpo como um todo são essenciais; além das avaliações físicas, hoje deve se ter uma visão global de todo organismo do atleta, realizando atividades que desenvolvam de forma integrada todas as qualidades físicas. Controle sobre os músculos, sobre a parte neural, além do equilíbrio e deslocamento devem ser a base de todo o treinamento.

SAI CHULÉ!!! CUIDADOS PARA PREVENIR O MAU CHEIRO NOS PÉS DE QUEM PRATICA ATIVIDADES FÍSICAS

Fonte: globoesporte.com/euatleta 

O chulé ou mau cheiro nos pés de quem pratica esporte tem uma solução. O Eu Atleta no SporTV ouviu a dermatologista Roberta Teixeira para tirar as dúvidas sobre esse problema que atinge muitos atletas. O odor ruim representa uma transpiração excessiva nos pés, que pode estar associada a uma condição infecciosa também. - Algumas pessoas têm maior predisposição a isso. Têm vezes que não transpiram apenas nos pés, mas nas mãos também. Geralmente é mais comum em quem usa calçados mais fechados por longos períodos. 
O atleta pode sofrer com isso pelo tênis, umidade e calor no local - explicou a dermatologista. A médica afirma ainda que o chulé pode ser mais sério do que apenas a questão do odor por estar associado a doenças como a proliferação de fungos, como a micose. - Tem gente que chama de pé de atleta, porque fica aquele pé macerado, com escamação. Portanto, tem que procurar um médico para ver se necessita ou não de tratamento - disse. 

Roberta destaca que o cuidado principal de quem faz esporte deve ser com a higiene dos pés e também com as meias. - Lavar bem os pés, mantê-los bem secos, usar meia sempre de algodão, ter cuidado com a lavagem delas e não repeti-las. O ideal é sempre ter dois pares para intercalar e não usar sempre o mesmo - frisou. Se estiver treinando ou numa prova e começar a chover, não tem jeito. Quando terminar a sua atividade física, é bom secar o pé corretamente. 
O uso de talco é importante também. - Ele tem uma ação bactericida e retém a umidade. Existem pessoas que têm esse odor excessivo geneticamente ou por doença endócrina e diabetes. Se você começou a ter chulé, é melhor pesquisar porque isso mudou. Procure uma ajuda médica - encerrou.

PEGUE LEVE NOS PRIMEIROS TREINOS DO ANO PARA NÃO "FERVER" O ORGANISMO

Por Gustavo Luz 

O ano começou e a tendência é que a temperatura média das próximas semanas continue alta. Independentemente das preferências pessoais por distâncias e ritmos, alguns ajustes e estratégias podem alavancar a sua performance. O corpo humano é uma máquina de calor: aproximadamente 70% de toda a energia gasta na sua corrida em dias quentes é destinada a manter a temperatura interna do corpo estável. Ou seja, você literalmente gasta energia para não ferver. Isso mesmo, apenas 30% do total da energia gasta com a corrida te leva do ponto de largada ao ponto de chegada. 
E isso nos dá uma noção da importância de manter o corpo apto a se resfriar, alguns ajustes nos próximos treinos podem tornar essa transição para os dias mais quentes um pouco mais suave para os corredores. Na prática, você pode ajudar o seu corpo nessa tarefa bebendo mais água nos treinos, colocando algumas caminhadas na sua corrida, aumentando o intervalo entre as séries de velocidade (os “tiros”), fracionando os treinos mais longos com pequenos intervalos a cada quinze ou vinte minutos (intervalo de tempo suficiente para beber água e repor as energias sem pressa), e antecipando em alguns minutos a reposição energética (com gel, bebidas esportivas ou que preferir). 
Essas estratégias têm o objetivo de deixar o seu treino menos intenso e mais confortável. Ser mais conservador nessa transição para o verão não vai fazer com que você perca condicionamento, pelo contrário, ajudará o seu corpo na adaptação às mudanças de temperatura de uma forma mais saudável e menos desgastante. Aos poucos o seu ritmo confortável vai ficando mais eficiente e você vai calibrando os seus treinos mais intensos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

MANUAL DE FÉRIAS DO BOLEIRO: MUITA ÁGUA, ALIMENTOS LEVES E EXERCÍCIOS

Por Jessica Mello - Rio de Janeiro postado no globo.com 

Há uma semana, iniciou-se o período mais esperado por grande parte dos trabalhadores: as férias. Para os jogadores, é no mês de dezembro que viajam às suas terras natais, aproveitam o tempo em família, reencontram os amigos. Conhecer terras estrangeiras também está no pacote. Porém, o atleta não é um profissional como os outros. Divertir-se é preciso, mas não se pode ir com muita sede ao pote. Churrasco todo dia, cervejas aos montes, relaxar por demasia não está no cardápio. Para quem ganha a vida a partir do seu preparo físico, é necessário cuidar dele para voltar bem em janeiro a seus respectivos clubes e dar início às pré-temporadas. 
O GloboEsporte.com ouviu uma nutricionista, um preparador físico e um ex-jogador para formar um "manual de férias" para o boleiro. Um ponto é comum a todos: é preciso consciência. Sem ela, cobrar ou impor regras de nada adianta. Além disso, ingerir muita água, comer alimentos leves e praticar exercícios está no roteiro. É permitido uma cervejinha aqui, outra lá, ou uma comida um pouco mais calórica. Mas sem exageros. Durante as férias, é comum se permitir comer alimentos mais calóricos, provar restaurantes novos, ingerir mais bebida alcoólica. Não para o jogador de futebol. É verdade que não é preciso seguir a dieta do ano com a mesma rigidez, mas não se pode fugir dela por completo. 

Para a nutricionista Rossana Torales, do Boavista, o principal é tentar manter todas as seis refeições do dia (café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia) para não perder massa muscular e ingerir bastante água para se manter hidratado. Nos alimentos, evitar os industrializados, como fast foods e embutidos, frituras e excesso de açúcar. Nas bebidas, os gaseificados e alcoólicos. Preferir frutas e verduras no dia a dia. - Recomendo também diminuir a quantidade de carboidratos simples, uma vez que vão trabalhar menos e se exercitar menos. Trocar por carboidratos integrais, cereais, arroz integrais, pães integrais, massa integrais... Nas bebidas, o ideal seria beber vinho, até uma taça. Mas cerveja... até duas latas, e só no final de semana - explica. 
Para Rossana, o mais importante é conscientizar o jogador de que é importante que ele mantenha a alimentação saudável mesmo no período de descanso. - Quando se proíbe, aí é que eles querem mais. É uma questão de conscientização. Eles estão de férias também... Só não pode é exagerar - avalia. No caso de alguns jogadores que tem o biotipo mais propenso a ganhar peso ou com dificuldade para perder, Rossana afirma que a dieta tem de ser seguida. Não é permitido escapar nem nos finais de semana. É preciso disciplina para chegar ao objetivo final, que é de estar em forma para poder desempenhar da melhor forma o seu trabalho. - Nesses casos, tem de manter a dieta. Não está liberada a cerveja, nem o biscoitinho. Só depois que conseguirem atingir o objetivo. É preciso manter a disciplina - diz. Sem deixar os exercícios de lado aliado à boa alimentação, o jogador não pode deixar de lado o exercício físico durante as férias. E quanto mais perto for chegando da data de reapresentação ao clube, mais intensa e frequente deve ser a atividade, de maneira a poder recuperar 100% seu condicionamento durante a pré-temporada. 

Chegar despreparado em janeiro pode custar até uma lesão ao atleta. De acordo com o preparador físico Paulo Paixão, que esteve à frente da área com a seleção brasileira na Copa do Mundo deste ano, as recomendações não podem ser padrão para todos, uma vez que cada jogador tem um biotipo diferente. Há os que vão precisar se cuidar mais e outros que se condicionarão rapidamente na pré-temporada. - Tem jogador que, quando começa a pré-temporada, tem a facilidade de se condicionar fisicamente mais rápido do que os outros. Alguns tem metabolismo diferente. Então tem de ter uma recomendação diferente. Os que tem mais propensão ao sobrepeso, tem de fazer um exercício como que dia sim, dia não - afirma, completando: Quando chega a hora das férias a gente diz "Ó, pessoal, férias! Você, ó, já sabe, a partir de tal dia tem de começar uma caminhada, depois uma corridinha, um abdominal"... 
Mas tudo depende do caso de cada jogador. O Léo Moura, por exemplo, mesmo com a idade (36 anos), tem um linear alto, uma capacidade orgânica muito boa e não tem problema de peso. Então, o Léo se apresenta e tem uma facilidade de se condicionar muito rapidamente. No antepenúltimo treino do Flamengo na temporada, em 4 de dezembro, quando 13 de seus jogadores já haviam sido liberados para as férias, o preparador Antonio Mello falou sobre o assunto. E disse, em oposição, que é contra qualquer tipo de "cartilha" para os atletas no período. No entanto, repassou uma "orientação especial" para o lateral Anderson Pico, que tem um histórico de problemas com a balança e ainda precisa perder peso. - Sou totalmente contra. O jogador não pode cumprir uma determinação em um momento de lazer. Não quero me enganar, não tem cartilha. A recomendação é que joguem futevôlei, bebam, passeiem, aproveitem ao máximo porque em janeiro estou de volta preparando a pré-temporada. O resto é comigo - disse, acrescentando: a recomendação que a gente faz é simples, não esquecer o lado profissional. O Pico depende hoje da perda de peso para voltar em condições de iniciar um trabalho com grupo. Ele sabe o que tem que fazer. Não há nenhuma recomendação da minha parte. Falta perder ainda em torno de três, quatro quilos, com o ganho que teve de massa magra, para poder estar no peso ideal. 

A voz da experiência 
Hoje, Juninho Pernambucano observa do outro lado. Está aposentado do futebol e trabalha como comentarista, analisando o que vê em campo. Mas usa da sua experiência para falar sobre o assunto férias. Na sua avaliação, um jogador de alto nível não pode se permitir ficar de descanso um mês inteiro. No caso, sem realizar atividade física e controle de dieta. No período em que atuou especialmente no Lyon e no Vasco sempre se preocupou em já sair de férias com um cronograma de atividades que ia crescendo de dificuldade e intensidade ao longo das semanas. Isso porque, julga, a profissão de jogador de futebol é diferente de todas as demais. - Vou ser sincero. Um atleta de alto nível não pode se permitir ficar de férias um mês. Quando você é jovem, mais veloz, a recuperação é rápida. Brincando, jogando futevôlei, você fica bem condicionado. Mas o ideal, hoje, é que você saia para as férias já com uma programação passada pelo preparador físico. 
Na primeira semana, faz um pouco de musculação. Na segunda semana, joga um tênis, um futevôlei, algo que se goste. Na terceira, passa a treinar mais forte. E na quarta, mais ainda, de três a quatro dias por semana, para voltar bem. Não tem como ficar um mês inteiro parado. Perde-se musculatura, corre-se o risco de se lesionar. Tem de ter consciência. É uma profissão diferente de todo mundo - explica. Os anos em que passou na França, entre 2001 e 2009, foram os que mais aprendeu sobre o assunto. Lá, lembra, todo mundo recebia um programa. Algo que não aconteceu antes e, depois, ao retornar para o Brasil. - Sempre fui muito estressado com relação a isso. Aprendi muito depois de ir para o Lyon. Todo mundo tinha um programa. Aqui (no Brasil), ninguém nunca passou nada. É importante extravasar toda a pressão, descansar, comer, beber. Mas tem de entender que as coisas são diferentes para o jogador. Ele depende do corpo dele. É importante manter a musculatura forte e seguir com trabalhos de prevenção, como fisioterapia e reforço muscular - conta. 

Se Juninho é um exemplo de rigidez e esforço no período de férias, o ex-jogador não pode falar o mesmo de alguns boleiros com quem conviveu ao longo da sua carreira. Segundo Pernambucano, havia atletas que chegavam até dez quilos acima do peso para a pré-temporada, o que comprometia o trabalho dos preparadores físicos no começo do ano. - Tem jogador que já vi chegar até dez quilos acima do peso. Com isso, ele não vai poder treinar forte, porque, se treinar, pode lesionar. Isso aqui no Brasil... No Lyon, nunca vi jogador chegar assim. Mas já melhorou muito. Isso depende muito de casa um, do objetivo de vida de cada um. O cara que tem problema de peso também, tem de ficar mais alerta que os outros. E colocar na balança o que gosta mais. "Gosto de cerveja?". Então, ok, tomo. Mas vou ter de treinar mais que os outros para compensar. Tem de se sacrificar um pouco - finaliza.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

ESTUDO COMPROVA: PROTEÍNA LOGO APÓS O TREINO AUMENTA A MASSA MUSCULAR

Por Turíbio Barros 

O processo de remodelamento muscular é o complexo mecanismo através do qual os músculos adquirem os benefícios do estímulo do exercício. Ele tem início imediatamente após um treino e pode durar até 72 horas ou mais, dependendo da intensidade e duração do exercício realizado. O processo compreende um verdadeiro remodelamento do músculo, no qual a síntese de proteínas e as modificações estruturais são fatores determinantes tanto da melhora funcional quanto do ganho de massa muscular. 
Um estudo recentemente publicado (julho de 2014) na revista científica "Amino Acids" investigou o benefício da suplementação de proteína na ativação das células satélites quando administrada imediatamente após uma sessão de exercícios de fortalecimento muscular. Os voluntários do estudo consumiam Whey Protein imediatamente após o treino e eram submetidos à biopsias do músculo solicitado 24, 48 e 168 horas após. Quando comparados com um grupo controle que não recebia a proteína, os voluntários apresentavam uma significativa proliferação das células satélites, caracterizando um importante benefício para o remodelamento do músculo e aumento da massa muscular. 
Existe um processo de ativação da ultra-estrutura do músculo esquelético do qual fazem parte as chamadas células satélites, que são considerada células não diferenciadas, capazes de serem ativadas pelo estímulo do exercício, o que é essencial para a regeneração e o remodelamento do músculo. Os resultados do estudo comprovam a ideia de que o pós-exercício é um momento especial, durante o qual existe de fato uma “janela de oportunidade” que pode e deve ser aproveitada, principalmente com o aporte de nutrientes adequados, capazes de potencializar os benefícios do exercício.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

TRANSPLANTE DE CARTILAGEM PODE CURAR LESÃO COMUM NO JOELHO DE ESPORTISTAS

Por Adriano Leonardi 

No joelho normal, as extremidades dos ossos são cobertas pela cartilagem, que permite o deslizamento suave dos ossos como uma almofada, que absorve o impacto durante a carga e o movimento. Neles, a espessura da cartilagem pode atingir alguns milímetros e é mais espessa nas regiões que recebem mais peso. Na rótula, pode chegar a atingir os 8mm. A doença da cartilagem no joelho afeta uma apreciável percentagem da população e é, infelizmente, uma lesão comum nos esportes. A lesão da cartilagem (ou lesão condral) pode ocorrer por um trauma como contusão, queda de altura ou entorse. Uma vez lesada, há deterioração deste tecido, que perde a sua regularidade e plasticidade em variados gradientes. 
Os estágios de alteração da integridade da cartilagem vão desde o simples amolecimento, passando pela fissuração e fibrilação, até o seu descolamento completo do osso subjacente, com desenvolvimento de verdadeiras crateras de dimensões variáveis, por vezes com alguns centímetros quadrados de superfície. O resultado é a dor, que pode ser desencadeada durante o esporte ou pode progredir para atividades da vida diária. Além disso, as lesões cartilaginosas cursam também com episódios de inchaço. A cartilagem, ao contrário da pele e outros tecidos bem vascularizados, tem baixíssimo poder de cicatrização (baixo turn over) por ser um tecido avascular (sem vasos sanguíneos). 

Uma vez lesada, ela degenera e causa sintomas. A mosaicoplastia do joelho é um procedimento cirúrgico indicado para as lesões focais (crateras), bem delimitadas e pouco extensas. Ela consiste no preenchimento dessas áreas desprovidas de cartilagem ou com cartilagem francamente deteriorada, por um transplante de cartilagem “saudável”, colhida em áreas da mesma articulação, mas não envolvidas no contato articular ou que recebam peso. Ao possibilitar a “pavimentação” de uma cratera articular, a mosaicoplastia permite que se crie, ao fim de algumas semanas, uma nova superfície de cobertura, constituída por cartilagem e fibrocartilagem de aceitáveis qualidades plásticas e de efetividade duradoura. 
O paciente ideal para esta cirurgia inclui: 
- Idade menor que 50 anos; 
- Ausência de artrose; 
- Lesão focal de 1 a 4 cm2; 
- Falha de procedimentos prévios como as microfraturas. 

No período pós-operatório, o paciente deve manter a deambulação com um par de muletas, evitando soltar o peso no membro operado por, pelo menos, seis semanas. No período de três a quatro meses, é esperada intensa atrofia muscular da coxa por desuso e este deve ser um dos principais focos do fisioterapeuta que acompanhará o paciente. Espera-se que haja atividade biológica cicatricial na lesão por até seis meses. O maior indicativo da cura da lesão é a melhoria da dor, podendo dispensar exames de imagens que levam muito tempo para se normalizar.