terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O QUE É CONDROMALACIA PATELAR, COMO É A CIRURGIA E A RECUPERAÇÃO POSTERIOR

Por Adriano Leonardi 

A palavra provem da aglutinação dos radicais chondros, cartilagem e malacea, amolecimento, traduzindo portanto um "amolecimento da cartilagem" da patela. A lesão começa com uma fragilidade desta cartilagem, que pode evoluir para sua total destruição. Sabe-se, desde a época de Hipócrates, que a cartilagem articular lesada tem potencial de cicatrização muito limitado. Isso se deve às propriedades histológicas do tecido cartilaginoso que, ao contrário da maioria dos tecidos do corpo, possui pouquíssimas células (hipocelularidade), não possui vasos sanguíneos (avascularidade), é aneural, ou seja, não possui terminações nervosas, e é riquíssimo em água. 
Consequentemente, uma vez lesada, a reação inflamatória é pequena e a possibilidade de reparo, quase nula. Quando o tratamento conservador para a condromalacia falha, pode-se determinar que é necessária uma cirurgia para o tratamento definitivo. Em geral, estes casos envolvem pacientes com desalinhamento importante, em especial o que chamamos de “tilt patelar lateral”, um mau funcionamento da patela com um contato aumentado na faceta patelar lateral. A cirurgia para a condromalacia patelar é realizada por via artroscópica e visa restabelecer a uniformidade da superfície articular, tratar a reação inflamatória da membrana chamada sinóvia, reduzir o volume do coxim gorduroso que fica abaixo da patela (também chamado de gordura de hoffa), e realizar o realinhamento patelar (release patelar). 

Esta liberação lateral envolve “cortar” o retináculo e os ligamentos laterais apertados para permitir a posição normal da patela. O procedimento pode ser potencializado com a infusão de plasma rico em plaquetas visando um pós-operatório menos doloroso e a otimização da produção de nova matriz extra-celular. Em casos mais avançados da doença, o cirurgião pode optar por procedimentos adicionais como 
A) Condromalacia e lesão em espelho: 
Quando existe comprometimento não só da cartilagem patelar, mas também em sua área de apoio no fémur, chamada de tróclea. Nestes casos, muitas vezes é necessário procedimentos cartilaginosos adicionais, como a micro-fratura ou a mosaicoplastia, exigindo um tempo maior de uso de muletas e restrição de que o paciente solte seu peso no membro operado por 6 a 8 semanas. 

B) Artrose fêmuro-patelar: 
Neste caso, a doença chegou em seu estágio final e, muitas vezes, a única solução é a retirada da faceta patelar doente, procedimento denominado “patelectomia”. Autores que defendem este procedimento têm relatado resultados bons e regulares em relação ao alívio de dores. O procedimento pode ser complementado pela infusão de acido hialurônico(apresentação comercial como Fermatron , Synvisc). Em geral feito ao final da artroscopia, sob visualização direta , seguida de mais 1 ou 2 infusões intra-articulares nas semanas pós-operatórias. 
Período pós-operatório 
É importante salientar que o período pós-operatório de uma cirurgia de condromalacia envolve um período relativamente extenso de reabilitação, pois, além de “agressão” da artroscopia, existe um mau funcionamento muscular que envolve toda a cadeia cinética desde o quadril - principalmente do glúteo médio, quadríceps, isquiotibiais e panturrilha. A reabilitação envolve recursos analgésicos da fisioterapia, ativação muscular, muitas vezes com correntes elétricas, seguido do fortalecimento muscular, realizado em academia de ginástica sob a supervisão do fisioterapeuta ou de um educador físico experiente.

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